Águias endiabradas e a magia de um 7 perfeito
O Benfica recebeu e venceu o Estrela da Amadora, por 7-0, em jogo da 4.ª eliminatória da Taça de Portugal, que se realizou neste sábado, 23 de novembro, no Estádio da Luz. Em noite de grandes golos, Di María assinou um hat-trick... em apenas 18 minutos. Sete tentos sem resposta, uma bonita homenagem a Nené, que tantas vezes envergou a camisola 7 e que, dias depois de completar 75 anos de vida, esteve na Catedral e foi ao relvado para abraçar e ser abraçado pelos seus.
Para aquele que foi o regresso da prova-rainha ao Estádio da Luz – o último jogo acontecera no dia 3 de abril –, Bruno Lage promoveu cinco alterações no onze em relação ao do clássico com o FC Porto (4-1).
A Álvaro Carreras, Otamendi, Bah, Aursnes, Florentino e Di María, titulares no duelo frente aos dragões, o treinador encarnado juntou Samuel Soares, António Silva, Rollheiser, Beste e Arthur Cabral.
Os Benfiquistas, desde sempre com um carinho muito especial pela Taça de Portugal, também marcaram presença em bom número (56 094 espectadores) e foram fazendo a festa ao longo dos 90 minutos.
Não estavam cumpridos 2 minutos de jogo e... golo! Numa combinação entre Aursnes e Di María, o argentino entrou na área, cruzou de letra, a bola foi-lhe devolvida, e, após fletir ligeiramente da direita para a esquerda, atirou em arco para o fundo das redes (1-0). Três minutos volvidos, novamente Aursnes e Di María no lance, desta vez também com a colaboração de Bah, e o norueguês, com um toque artístico, a colocar no defesa dinamarquês, que meteu no interior da área. Ferro aliviou a bola, esta foi parar a Di María, que recebeu com o pé esquerdo, e, para surpresa de tudo e todos, com o mesmo pé, aplicou um pontapé de bicicleta, que fez a bola entrar junto ao poste esquerdo. Um golo soberbo do campeão do mundo pela Argentina, que deixou a Luz ao rubro (2-0, aos 5').
A vantagem de dois golos deixou o Benfica muito confortável no jogo, mas nem por isso as águias baixaram o ritmo. O Estrela, sempre que podia, esticava o seu jogo o mais possível até à área encarnada. Numa dessas ocasiões, Rodrigo Pinho apareceu descaído no lado esquerdo da área, rematou fortíssimo, e o guarda-redes Samuel Soares foi protagonista de uma intervenção de qualidade (10').
Se a jogada do 2-0 havia sido construída por Di María, Bah e Aursnes, a do 3-0 foi orquestrada por... Di María, Bah e Aursnes. Pressão alta encarnada bem-sucedida, Bah deu para Di María, que deixou escapar a bola, mas não desistiu do lance, pressionando Miguel Lopes. O jogador estrelista tentou solicitar um companheiro, mas Aursnes foi mais rápido e intercetou a bola. Já no interior da área, o norueguês serviu Di María, que, após uma simulação desconcertante, tirou um adversário do caminho e, de pé direito, rematou muito forte para o golo (3-0, aos 18').
Quase 15 anos depois do dia 27 de fevereiro de 2010, data em que o Benfica venceu o Leixões, em Matosinhos, por 0-4, com três golos de Di María, o argentino voltava a fazer um hat-trick com a camisola do Sport Lisboa e Benfica, este em apenas 18 minutos, sendo o mais rápido da sua carreira. Dono e senhor do jogo e do resultado, o Benfica continuou instalado no meio-campo tricolor, e sempre a espreitar mais golos. Aos 29', foi Álvaro Carreras, lançado por uma bola oriunda do calcanhar de Arthur Cabral, que, já no interior da área, atirou fortíssimo para grande defesa de Meixedo.
As águias continuaram a carregar e, aos 37,' Arthur Cabral ficou muito perto de marcar. Bah galgou uns bons metros no lado direito do ataque, colocou rasteiro na área, mas o avançado brasileiro chegou ligeiramente atrasado, e não conseguiu a emenda.
Já para lá dos 45'+1', Di María recebeu a bola no lado direito do ataque e libertou Bah, que, junto à linha final, cruzou rasteiro à procura de um desvio. O esférico passou por toda a pequena área, e sobrou para Beste, que rematou com força, mas por cima, e, assim, ao intervalo o resultado ficou nos 3-0 a favor do Benfica.
No descanso, momento de emoções fortes na Luz. Nené, um dos maiores símbolos da história do Sport Lisboa e Benfica, que celebrou 75 anos no dia 20 de novembro, foi ao relvado, acompanhado por antigos companheiros de tantas e tantas páginas de glória, e foi presenteado com um estrondoso aplauso daqueles que serão sempre os seus adeptos, naquela que será sempre a sua casa.
Ao intervalo, Beste deu lugar a Aktürkoğlu, que, e ainda no primeiro minuto do 2.º tempo, criou um bruaá na Luz. Em grande velocidade, o avançado turco entrou na área, e tentou servir Arthur Cabral, mas viu a bola ser intercetada.
Numa das poucas subidas do Estrela da Amadora à área encarnada, Samuel Soares foi autor de uma poderosa intervenção, ao fazer uma enorme mancha ao remate de André Luiz, aos 51'.
Com quase toda a equipa instalada no meio-campo adversário, aos 55', Arthur Cabral, em mais um momento de pressão alta encarnada, recuperou a bola a um defesa adversário, ganhou posição na cara de Meixedo, mas atirou ao lado. Dois minutos depois, novamente Arthur Cabral, sempre muito em jogo, a surgir em boa posição, desta feita lançado por Aursnes, todavia a rematar rente ao poste.
Não foi aos 57', foi aos 59'. Excelente desenho ofensivo encarnado, com o esférico a ir de uma ponta à outra do campo. António Silva intercetou a bola, a mesma chegou até Rollheiser, que entregou a Arthur Cabral. Este, com um toque simples, escapou a um adversário, e lançou Di María no lado direito do ataque. A todo o gás, o argentino foi em direção à área, para onde também correu Arthur Cabral, com quem tabelou antes de entregar a bola a Aktürkoğlu, que, descaído no lado esquerdo, recebeu e rematou em arco para o fundo das redes. Mais um momento de magia coletiva e individual na Luz (4-0, aos 59').
Três minutos volvidos, num lance semelhante àquele que havia valido o 4-0, Álvaro Carreras apareceu no lado esquerdo, mas rematou um pouco desviado do alvo (63').
À passagem do minuto 64, tripla substituição no Benfica. Kökcü tomou o lugar de Aursnes; Amdouni, o de Di María – eleito Man of the Match –; e, em mais um bonito momento na Luz, Leandro entrou na vez de Bah, fazendo assim, aos 19 anos, a sua estreia oficial pela equipa A dos encarnados. Com a bola novamente a rolar, a formação orientada por Bruno Lage voltou a procurar o golo. Álvaro Carreras, muito ativo na ala esquerda, cruzou rasteiro para o interior da área, Amdouni, com uma simulação, deixou a bola passar para Arthur Cabral receber, rodar sobre um adversário e atirar para excelente intervenção do guarda-redes tricolor (66').
A avalancha ofensiva das águias acentuava-se, e, aos 70', foi Kökcü, em posição frontal, a rematar de forma rasteira rente ao poste esquerdo da baliza. Ainda não era desta...
Já dentro dos últimos 15 minutos do desafio, Schjelderup foi a jogo, entrando para o lugar de Rollheiser (76').
As oportunidades sucediam-se e, aos 80', Aktürkoğlu ficou muito perto de um golo de bandeira. Kökcü, com um passe longo da esquerda para a direita, deixou a bola à mercê de um remate de primeira do internacional turco, que passou muito perto da barra. É um velho ditado no mundo do futebol e ajusta-se perfeitamente aqui: "Tantas vezes o cântaro vai à fonte, que acaba por lá ficar." É verdade que este cântaro já havia ficado na baliza do Estrela por quatro vezes, mas, para as ocasiões que lá tinha ido, eram poucas, e Amdouni encarregou-se de parti-lo mais uma vez. Passe de Kökcü, com conta, peso e medida, a rasgar toda a defesa tricolor, e a deixar a bola no internacional suíço, que, na cara de Meixedo, não desperdiçou (5-0, aos 81').
Tanto procurou e lutou pelo golo, que, aos 86', Arthur Cabral marcou... e em grande estilo. Schjelderup entrou pelo lado esquerdo, colocou no jogador brasileiro, que, ao primeiro poste, sem preparação, fez uma bicicleta que não deu hipóteses de defesa. Mais um momento de alto calibre na Luz (6-0, aos 86').
Em dia de homenagem a Nené, que durante tantos anos envergou a camisola n.º 7, o 7.º golo encarnado apareceu, em cima do minuto 90. Kökcü entregou a Florentino, este avançou uns bons metros com a bola dominada e rematou para defesa incompleta de Meixedo, que, assim, deixou a redondinha ao jeito do pé direito de Arthur Cabral, que, deste modo, assinou o seu bis e o último golo de uma noite mágica do Benfica.
Triunfo por 7-0 dos encarnados, que carimbaram da melhor forma a passagem aos oitavos de final da Taça de Portugal – pela 9.ª época consecutiva –, fase em que vão encontrar o Farense, no Algarve, equipa que eliminou neste sábado o Arouca (1-2). PEste foi o 6.º jogo nas provas nacionais na Luz desde que Bruno Lage assumiu o comando técnico da equipa, e o 6.º encontro que terminou com uma vitória por três ou mais golos de diferença: Santa Clara (4-1), Gil Vicente (5-1), Rio Ave (5-0), Santa Clara (3-0), FC Porto (4-1) e Estrela da Amadora (7-0). Sendo que, na Liga dos Campeões, o Benfica bateu o Atlético de Madrid por 4-0.
De notar que há 50 anos que os encarnados não venciam uma equipa da 1.ª Divisão por 7 ou mais golos de diferença, em jogos da Taça de Portugal, com a última vez a remontar a 1973/74, num triunfo por 8-0, frente ao Oriental.
Segue-se agora um desafio a contar para a Champions League, com uma visita ao Estádio Louis II, para o duelo frente ao Mónaco, referente à 5.ª jornada da fase de liga da Liga dos Campeões, agendado para quarta-feira, 27 de novembro, às 20h00 continentais.
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