"Responsabilidade gigante do árbitro e do VAR"
Considerando inaceitável a postura do VAR no lance da grande penalidade favorável ao Casa Pia, José Mourinho lamentou uma sucessão de erros que tem penalizado o Benfica e beneficiado os rivais.
"É estranho, é estranho. É difícil de entender como o árbitro decide a grande penalidade, mas é mais difícil entender por que razão é que o VAR não interfere num lance que é óbvio, que é um dos grandes exemplos daquilo que UEFA, FIFA, ligas nacionais põem como claros nos inícios de cada época. Eu quero ser soft e equilibrado, e dizer que o árbitro esteve mal e que o VAR também esteve mal, mas não. Quando o árbitro está mal, o VAR ajuda. O VAR não ajudou, porque é que não ajudou? São perguntas às quais eu não consigo responder. O que aconteceu ontem, também não consigo responder, o que aconteceu na semana passada, também não consigo responder. Aquilo que eu consigo responder é que durante alguns períodos do jogo, os jogadores do Benfica têm de ter mais ambição, mais personalidade, mais caráter. Têm de, repito, não acabar com o jogo, porque, no fundo, nós acabámos com o jogo com o 2-0 e não foi o suficiente. Mas é difícil de explicar sem entrar em caminhos pelos quais não posso entrar, sob pena de, depois, ser penalizado", reforçou.
Por fim, o treinador das águias falou da revolta que imperava no balneário, após o apito final.
"A mensagem [aos jogadores] foi basicamente a que lhe dei a si, se calhar com mais algum detalhe que não lhe posso dar a si. Há uma indignação grande e alguma coisa que já vem de trás, mesmo antes de eu chegar. Os jogadores carregam com eles este negativismo, de sentirem que há qualquer coisa que eles não conseguem explicar, mas que sentem. Mas, por outro lado, também tenho de ser treinador e também tenho de lhes dizer, como disse ao intervalo, que estas equipas vêm à procura do milagre, deixam arrastar o jogo até ao final para tentarem que, no final, aconteça alguma coisa. Nós temos de ser muito mais efetivos. Eu tive um problema com o Enzo [Barrenechea] – que saiu ao intervalo, penso eu por doença, a vomitar, a sentir-se mal. Teve de sair. E a ganhar por 1-0, eu meto o Prestianni, exatamente com a intenção de passar a mensagem de que é para acabar com o jogo o mais rapidamente possível. Com o 2-0, acabámos praticamente com o jogo, mas, depois, o VAR e o árbitro decidiram reabri-lo. Depois, temos de ter, também, a capacidade de não sofrer o 2.º golo da maneira como sofremos. E a maneira como o sofremos, é culpa nossa", concluiu.
GRANDE PENALIDADE INEXPLICÁVEL REABRIU O JOGO
"Culpa nossa, culpa do árbitro, culpa do VAR. Culpa do árbitro por assinalar uma grande penalidade que está tipificada na UEFA, na FIFA e em todo o lado como um não penálti. Penso que erro, e estou a ser simpático ao chamar erro, ainda maior do VAR, que tem como missão ajudar o árbitro a não cometer erros, principalmente erros grosseiros, e estou a ser simpático ao dizer erros. Acho que [há] culpa enorme de um erro gritante do árbitro e do VAR. Culpa nossa, porque não fechámos totalmente o jogo. Eu diria que, com o 2-0, fechámos, depois o árbitro e o VAR abriram. Mas, mesmo na 1.ª parte, temos de fechar. Estávamos a jogar contra uma equipa que só defendia, estávamos a jogar contra uma equipa que não conseguia sair, que nós dominámos completamente. Recuperámos a bola super-rápido. Jogámos contra um bloco muito baixo – e nós não temos grande presença na área, mas, mesmo assim, construímos muito pela direita, pela esquerda, pelas intermédias –, recuperámos a bola rapidamente, metemos uma intensidade grande no jogo e, depois do 1-0, a intensidade baixou. Chegámos ao intervalo e temos o Enzo [Barrenechea] doente. E eu – exatamente para dar uma mensagem à equipa de que estamos a ganhar 1-0, mas temos de fechar o jogo – não pus um jogador defensivo na posição, não fiz troca por troca. Meto o Prestianni exatamente para dar esse sinal à equipa, de que vamos acabar com o jogo o mais rapidamente possível. Fizemo-lo, ou pensávamos que o tínhamos feito, e, depois, repito, a grande penalidade do árbitro e do VAR reabre o jogo. Quando reabre, voltámos a ter controlo, voltámos a ter iniciativa, não baixámos no campo. E, depois, cometemos um erro em posse, e uma equipa que não fez um único remate à baliza tem a fortuna de fazer o golo. Conclusão da história: culpa nossa – quando digo nossa, digo dos jogadores e do treinador – e uma responsabilidade gigante do árbitro e, neste caso, do VAR, de um modo inexplicável. E eu prefiro ficar por aqui, porque não quero entrar por caminhos diferentes."
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A "INTENÇÃO" DE CONTINUAR
"Caso o Presidente Rui Costa não tivesse ganho as eleições, a minha intenção era continuar no Benfica. Seria duro para mim, no sentido de perder o trabalho diário com 3 pessoas de quem gosto muito, e com quem gosto muito de trabalhar, o Presidente Rui Costa e os diretores Simão [Sabrosa] e Mário Branco. Seria duro para mim, mas – em função do respeito com que fui sempre tratado durante a campanha eleitoral por qualquer um dos restantes candidatos à presidência, não só pelo Dr. Noronha Lopes, mas por todos os outros – a intenção seria continuar. Com todo o respeito pelo Benfica, com todo o respeito pelas pessoas, teria de me reunir, teria de perceber as dinâmicas, teria de perceber se haveria empatia funcional, mas a minha intenção era continuar. Podia neste momento agora ser, como se diz na gíria, 'puxa-saco', fazer-me simpático, e dizer que no Benfica só com Rui Costa, Mário Branco e Simão Sabrosa, mas sou demasiado honesto para o fazer, eu teria continuado."
"MUITA GENTE NÃO RESPEITA O BENFICA"
"A análise ao dia: não há palavras. As únicas palavras são para dizer que o Benfica merece mais respeito da parte de todos. Quando eu digo todos, também digo dos meus jogadores. Não digo de mim próprio, porque eu tenho respeito interminável pelo Benfica, mas, eventualmente, pode acontecer que alguns jogadores não saibam ainda o que é o Benfica. E mais respeito por parte de muita gente que eu sinto que neste momento não respeita o Benfica. Há uma dualidade gritante de critérios a todos os níveis, seja ao nível mediático, seja ao nível arbitral e, eventualmente, institucional. O Benfica é grande demais e merece outro tipo de respeito, mas aquilo que depende de mim é o meu contacto com os jogadores, é o trabalho do dia a dia e aí é onde eu tenho de atuar. Porque há gente que tem de perceber que o Benfica é de exigência máxima e – mesmo quando nós podemos não ser o melhor treinador do mundo, o melhor jogador do mundo – nós temos de ter um nível de exigência máximo e uma responsabilidade máxima. Mas, ao longo destas semanas, eu assisti a diversas situações que me magoam profundamente, que me fazem pensar coisas que eu não gostaria de pensar. Mas há coisas que estão a ser levadas ao limite. Por exemplo, ontem [sábado] fizeram-me chegar um pequeno extrato de um comentário – não sei se lhe hei de chamar comentário ou os haters da nova geração – de alguém que insultou profundamente 60 e tal mil Benfiquistas. A coisa cheira mal quando se permite isto a nível profissional, é demais."
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PESO SOBRE OS JOGADORES E NEGATIVISMO
"[Falou com o árbitro no fim para pedir explicações?] Não, não, estava a tentar que o diretor Mário Branco ficasse por ali com o cartão vermelho que o árbitro lhe mostrou e que controlasse um bocadinho as suas emoções, que, obviamente, eram fortes. [O que deve fazer a arbitragem?] O problema é que há países onde o futebol está acima do clubismo, e há outros países onde o clubismo está à frente do futebol. Em Portugal, pela nossa natureza, é: o clubismo está à frente de. E há clubes que estão contentes, há clubes que não estão, e há clubes que estão. Enquanto for assim, é complicado. Uma coisa que eu gostava de ter a oportunidade de fazer – mas penso que não vou ter – era perguntar ao VAR de hoje por que razão é que não interferiu. Gostava de perguntar, como não tenho a possibilidade de falar com ele diretamente, gostava que os seus responsáveis nos pudessem explicar o porquê. Porque o árbitro em campo errou, mas o VAR, ter permitido aquele erro – repito, erro, entre aspas, e estou a ser simpático –, gostava de sentir. Mas a realidade é só uma: nós perdemos 2 pontos e houve outros que ganharam 2 pontos. É assim que se ganham Campeonatos, é assim que se perdem Campeonatos, mas eu não consigo separar – porque é a minha maneira de ser – aquilo que aconteceu e que está a acontecer ao nível arbitral, e aquilo que é a equipa de futebol, que, mesmo com esse tipo de situações, tem de fazer mais e melhor. Uma coisa que me preocupa verdadeiramente é que os jogadores sentem esse peso. Carregam-no com eles, pelos comentários que fazem. Mesmo antes de as coisas terem acontecido hoje, por comentários que fazem, pela maneira como encaram determinadas situações, os jogadores carregam com eles esse peso daquilo que sentem, porque são coisas que, dizem, vêm do passado, coisas que dizem sentir há dois anos a esta parte, que sentem fortemente determinado tipo de coisas. Eu tento ir pelo outro lado, tento ir pelo lado daquilo que é a nossa missão enquanto treinadores e jogadores, mas é um peso que eles carregam, e quando se carrega esse negativismo, é mais complicado."














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