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Edição de sexta-feira, 19 de setembro 2025

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"Sinto que os jogadores estão a abraçar a minha maneira de trabalhar"


 

Vencer e sentir o fator casa como um trunfo importante para alcançar esse desiderato foram pressupostos destacados pelo treinador José Mourinho como objetivos para o Benfica-Rio Ave, jogo em atraso da 1.ª jornada da Liga Betclic, agendado para as 20h15 desta terça-feira, 23 de setembro, no Estádio da Luz.

O técnico das águias sente a equipa "a crescer" dentro dos desígnios técnicos e táticos que defende, e revelou ainda que poderá contar com o extremo internacional belga Lukebakio, recuperado de um problema físico, para um embate frente a um oponente que "vale mais do que os pontos que tem".

Que tipo de adversário é que espera encontrar na Luz? Como é que está a equipa do Benfica neste momento?

Espero um adversário que é melhor do que os pontos que conquistaram até agora. Observámos, obviamente, o Rio Ave nos jogos anteriores e em diversos jogos, principalmente nos 3 primeiros, são muito melhor equipa do que aquilo que os pontos neste momento traduzem. Vê-se perfeitamente que é uma equipa que tem treinador, que tem organização, que sabem aquilo que querem, que tem alguns jogadores, para não dizer todos, de boa qualidade. Vale o que vale, mas [têm] 24 horas a mais do que nós para prepararem o jogo. Espero um jogo difícil, espero um jogo em que, obviamente, precisamos do fator casa. Quando o fator casa joga, é, obviamente, uma ajuda importante. Eu acho que a equipa está a crescer. Se, do ponto de vista tático, o crescimento tem de ser gradual, tem de ser progressivo, acho que, do ponto de vista emocional, uma conexão com os adeptos que os façam sentir em casa, adeptos que esqueçam que os últimos 2 jogos em casa não acabaram bem e que olhem para a equipa com a mesma positividade com que eu olho... acho que poderia ser uma empatia importante para afrontarmos um adversário que é difícil.

José Mourinho"Que os adeptos esqueçam que os últimos 2 jogos em casa não acabaram bem e que olhem para a equipa com a mesma positividade com que eu olho" José Mourinho

Desde que chegou, disse várias vezes que já conhecia esta equipa por aquilo que observou enquanto adversário, das 2 vezes que jogou oficialmente e mais o jogo de apresentação do Benfica [Eusébio Cup]. Mas houve alguma coisa já nestes 4 treinos que fez, e no jogo na Vila das Aves [frente ao AFS], que o tenha surpreendido na equipa, ou em algum jogador? Alguma capacidade extra que não tenha visto enquanto adversário e que agora tenha observado enquanto treinador?

Eu, enquanto adversário, fui honesto. Mais do que com o Benfica, fui honesto comigo próprio, ao assumir que estava a jogar contra uma boa equipa, com bons jogadores. Obviamente que, se for comparar a primeira fase do Benfica, onde estavam os jogos dos play-offs da Champions League, com os últimos 2/3 jogos, há ali um... não quero dizer um decréscimo de performance, mas há ali uma contradiçãozinha. Mas o Benfica tem bons jogadores e tem coisas boas que vieram do passado. Não é minha intenção – mas mesmo que fosse – ir à procura de algumas coisas negativas do passado. Não é que fosse fácil de encontrar. Está aqui um bom trabalho feito por quem cá esteve anteriormente. Agora, como eu dizia, nós, treinadores, somos todos diferentes, todos temos ideias diferentes. É importante que os jogadores abracem com alegria e com confiança as novas ideias, porque, quer queiramos, quer não, quando se muda de treinador, aquele que sofre mais é o treinador que sai, mas quem fica, os jogadores que ficam, os jogadores que transitam, também têm um processo que, na maior parte das vezes, não é um processo muito agradável. Têm de se adaptar, têm de aprender coisas novas, e é por isso que sempre disse "calma, calma", vamos introduzindo coisas devagar. Surpresas, surpresas, não posso dizer que tenha. Digo é que... posso-me enganar, seriam os jogadores a ter de o dizer e não eu [sorrisos]. Mas tenho a sensação, a cada dia, que estão a abraçar a minha maneira de trabalhar, que estão a abraçar a minha maneira de liderar, que estão a abraçar os conceitos que estamos a introduzir na equipa a pouco e pouco. Isso, para mim, é uma coisa importante. A equipa, enquanto grupo... Obviamente que não somos ainda o grupo dos melhores amigos, conhecemo-nos há 4 ou 5 dias, mas acho que estamos a construir qualquer coisa de importante sob o ponto de vista humano, e que depois, obviamente, sob o ponto de vista da evolução tática da equipa, temos de ir a pouco e pouco.

José MourinhoPode revelar-nos qual a principal dificuldade que tem sentido nestes poucos dias em que trabalha no Benfica? Ainda sobre o processo da sua contratação, que merece ainda debate público e que mereceu também um comunicado do Benfica, quero perguntar-lhe se é verdade que houve contactos com o Benfica ainda com Bruno Lage no cargo, se a sua contratação já estava projetada há algum tempo. Pode esclarecer-nos em relação a isso?Relativamente à sua primeira pergunta, você fez a pergunta e praticamente respondeu. A maior dificuldade é, de facto, o tempo que não existe. Hoje e ontem já me libertei um bocadinho mais, mas nos 2 primeiros dias... se os dias tivessem 48 horas, continuavam a ser curtos, porque não é só o trabalho de campo com os jogadores, é todo um trabalho com uma estrutura, conhecer as pessoas, as pessoas conhecerem-me, trocarmos ideias, coisas que são para manter, coisas que são para mudar. Essa, obviamente, foi a maior dificuldade. Relativamente à preparação tanto do primeiro jogo como do segundo jogo, é como eu dizia: é tocar em pontos fundamentais, não exagerar na informação, porque processar a informação pode levar a que o foco esteja exatamente ali e que depois se perca alegria, liberdade de pensamento, criatividade, e eu não quis exagerar a esse nível. Relativamente à segunda pergunta, a resposta é fácil, mas é uma resposta quase com um apelo, digamos assim. Se quiserem acreditar em mim, ótimo. Se não quiserem acreditar em mim, eu não posso fazer nada para que acreditem em mim. Eu digo-vos a verdade, que vocês podem dizer "ah, essa é a sua verdade". Depois há a verdade de outras pessoas, que, se calhar, ou foram intoxicadas com mentira, ou acreditam mais noutras pessoas do que acreditam no Benfica, do que acreditam naquilo que eu mais ou menos já vos disse, mas que vou obviamente repetir para que não fique qualquer tipo de dúvida. No verão, eu não tive contacto absolutamente nenhum com o Benfica, com o Presidente, com absolutamente ninguém, com nenhum agente mandatado ou não mandatado. E, como sabe, nessa altura o diretor Mário Branco [diretor-geral para o Futebol Profissional] não estava sequer ainda no Benfica. Eu tinha contrato com o Fenerbahçe e queria cumpri-lo, obviamente, até ao final. Na minha cabeça estava longíssimo de pensar que podia voltar a Portugal como treinador de clube. Sempre pensei que, mais cedo ou mais tarde, a Seleção iria acontecer. Podia acontecer o Roberto [Martínez] ser campeão do mundo e querer sair em grande, e eu poder entrar. Mas sem ter nenhum contacto com a Federação também. A minha carreira estava a ir um bocadinho nessa direção. Eu pensava que ia regressar a Portugal para a Seleção. Tive zero contactos com o Benfica. É verdade que, há anos – e eu nem sequer lhe consigo enquadrar no tempo, não lhe posso dizer se foi há 4, há 5 ou há 6, não sou preciso –, aí, sim, tive contactos com o Benfica. Mas eu estava a trabalhar, também tinha clube, e as coisas não se proporcionaram nesse momento. Depois, a entrada do diretor-geral [Mário Branco] e esse tipo de conexão que tentam fazer... Eu, para me tornar grande amigo de uma pessoa que eu conheço no futebol, e só no futebol, é difícil. Se, em pouco tempo, se num ano, construímos alguma coisa de importante entre nós, é porque do outro lado estava uma pessoa séria, estava um profissional sério, estava um profissional que, depois, quando veio para o Benfica e houve 25% de possibilidades de o Benfica jogar contra o Fenerbahçe... o nosso contacto acabou. Não há mais. E não houve mais enquanto jogavam Fenerbahçe-Feyenoord, Benfica-Nice, Fenerbahçe-Benfica, Benfica-Fenerbahçe. Houve zero contacto. Quando o Benfica perdeu 3 pontos com o Qarabag, eu estava em Barcelona com a minha mulher e, no dia seguinte – e nem sequer foi o diretor-geral que me ligou –, foi o Presidente que me ligou a perguntar: "Míster, vale a pena conversarmos? A decisão está tomada." Eu nem sequer sabia que a decisão estava tomada, não tinha acompanhado no dia anterior. "Eu [Presidente Rui Costa] gostava que fosse o míster a poder vir treinar para o Benfica, podemos conversar?" Eu disse: "Claro que podemos conversar." "Quando é que vem para Portugal?" "[José Mourinho] Vou para Portugal hoje, ao final do dia, e vamos conversar." E acabou a história. Se quiserem acreditar em mim, ótimo, agradeço. Se quiserem acreditar em fantasia, se quiserem acreditar noutras coisas, se quiserem alimentar uma história que não tem história, não posso fazer nada.

José MourinhoNo jogo com o AFS, vimos Ivanovic e Pavlidis em tarefas um bocadinho diferentes daquilo que estávamos habituados a ver nesta fase final com Bruno Lage. Esse é um dos pontos de mudança que, para si, era necessário fazer na frente de ataque do Benfica? Não, cada jogo é um jogo, cada jogo tem uma estratégia. Se há 20/25 anos já tínhamos uma abordagem tática específica para cada jogo, imagine-se agora, com toda uma estrutura de apoio, de análise, que nos permite ter mil informações e olhar para cada jogo como um jogo diferente. Obviamente, não quis desvirtuar muito daquilo que eles eram enquanto equipa, mas – obviamente, sem criticar, ou sem dizer "estava mal e agora comigo está bem", que, de todo, é a minha maneira de pensar e de estar – gosto de coisas diferentes. E, gostando de coisas diferentes, sem querer desvirtuar muito, sem querer dar muita informação, principalmente sem ter muito trabalho de campo – porque eu acredito muito mais no trabalho de campo do que propriamente nas palavras e nas reuniões tático-estratégicas –, obviamente que foram introduzidas algumas coisas. A maneira como saltamos na pressão, os timings da pressão, os movimentos ofensivos, as coisas de posse mais estabilizada, as situações de transição após recuperação... São conceitos normais. Se fosse o Bruno [Lage] a ter ido para o Fenerbahçe para o meu lugar, de certeza que o Bruno também alteraria algumas coisas. O futebol é assim mesmo. Mas, sim, tentei dar um bocadinho de uma dinâmica ofensiva diferente à equipa. Confesso, não os senti aos dois [Ivanovic e Pavlidis] muito confortáveis a jogar num 4-4-2 flat, como se diz lá em Inglaterra. Não os senti muito confortáveis. Pensámos em dar-lhes um tipo de ocupação de espaço que possa ter os dois confortáveis com aquilo que têm de fazer em campo. Acho que o Sudakov também se enquadrou bastante bem naquela dinâmica, e, principalmente na 2.ª parte, as coisas correram melhor.

José Mourinho"Novos conceitos? Gosto de coisas diferentes [...]. A maneira como saltamos na pressão, os timings da pressão, os movimentos ofensivos, as coisas de posse mais estabilizada, as situações de transição após recuperação" Falou dos adeptos. Está expectante, tem essa expectativa de como é que vai ser a reação no seu primeiro jogo na Luz, e depois também daquilo que foi a despedida que os adeptos fizeram à equipa no jogo frente ao Qarabag? Gostava de perceber se, da sua parte, também houve um esforço financeiro, entre muitas aspas, para aceitar esta proposta do Benfica, baixando o que era o seu nível salarial dos últimos anos?

Vou responder duro e cru, e, mais uma vez, ou acreditam em mim, ou não acreditam em mim. Eu, se ficasse em casa até ao final da época, ganhava mais do que a trabalhar no Benfica. É simplesmente assim. Eu, se ficasse em casa até ao final da época, a usufruir da família, a visitar a família, a estar em Londres com a família, a trazer a família para Portugal, a ir para o Algarve, a dar umas voltas por aí, eu ganhava mais do que no Benfica, ou seja, nem sequer se pode dizer que eu estou cá grátis – eu estou cá negativo. Negativo [sorrisos]. E você diz – Porquê? Porque gosto muito de trabalhar, porque tinha saudades de jogar para aquilo que o Benfica joga, tinha saudades de jogar para o título. Não pude jogar para o título na Roma, não pude jogar para o título no Fenerbahçe. Tinha saudades de. É uma oportunidade ótima para mim enquanto treinador, para mim enquanto pessoa. Estar em casa não é para mim. Pôr-me à prova, correr riscos e estar sujeito a ganhar, a perder, estar sujeito a um dia ser muito bom e no outro dia ser péssimo, são tudo coisas que me alimentam, que me tiram da zona de conforto. Eu bem sei que uma mentira repetida, repetida, repetida, as pessoas pensam a determinado momento que é verdade. Neste caso, a verdade é só uma, se eu ficasse em casa até julho, eu ganhava mais do que a trabalhar no Benfica. Esta é a verdade pura. [Em relação à receção no Estádio?] Eu fui ao Estádio da Luz várias vezes, principalmente, em momentos bons do Benfica nos últimos anos. Eu nunca vou aos estádios quando os momentos não são bons. Fui a Alvalade, ao Dragão só fui agora porque não tive possibilidade de ir. Mas gosto de ir nos momentos bons, escondidinho lá em cima numa box onde estavam sempre os pais do António Silva, estava o pai do João Neves, na altura, tudo gente tranquila. Portanto, eu estou familiarizado com aquilo que é o Estádio [da Luz]. Queiras ou não queiras, aprendes as músicas. Para além de entrarem e de fazerem sentir – uns mais, outros menos –, são músicas bonitas, ritmadas, com significado. Esse tem de ser o ambiente. Se calhar eu sou purista, mas não acredito que haja um Benfiquista que não queira ganhar. Se calhar sou naïf, mas não acredito que naquele Estádio, amanhã [terça-feira], esteja um único Benfiquista que não queira ganhar. Portanto, tem de haver festa no princípio, tem de haver apoio durante, e depois, no final de cada jogo, como eu disse aos jogadores várias vezes neste tempo, o Benfica ou ganha, ou não ganha, mas sai morto – morto de cansaço, morto de fadiga, morto de tentar, e quando isso acontece, nos dias em que as coisas não correm bem, não correm bem para nós, mas também não correm bem para as pessoas, porque as pessoas enquadram-se, as pessoas reveem-se nesse tipo de comportamento. Perder como nós perdemos contra o Qarabag: obviamente que as pessoas não se reveem, obviamente que isso não é idiossincrasia do Benfica, não é, não é, as pessoas não se identificam com isso. Agora, antes do jogo, festa; durante o jogo, apoio; e no fim do jogo, festa ou respeito por quem deu tudo e não tinha mais a dar.

José MourinhoLembro-me de um documentário do Tottenham, no tempo em que José Mourinho era o treinador da equipa, em que se mostrou muito surpreendido com o peso de um jogador no balneário, creio que Sissoko. Nestes poucos dias de Benfica, já teve alguma surpresa do género? Que jogadores é que o surpreenderam quanto ao peso que possam ter no balneário? Esta é uma equipa de miúdos com um homem que é campeão do mundo, que tem carradas de experiência ao mais alto nível, que é o capitão [Otamendi]. Há clubes em que o capitão leva a braçadeira, mas verdadeiramente não o é. Já estive em clubes em que a braçadeira não estava no braço certo. Pode acontecer. Há clubes em que a braçadeira é de quem tem mais jogos no clube, há outros clubes em que a braçadeira é de alguém com a nacionalidade do próprio clube. Aqui, neste caso, a braçadeira está no braço de alguém que é verdadeiramente capitão, que se assume como capitão e que tem um peso como capitão. Aquilo que me surpreendeu muito, muito favoravelmente – e desde já o mérito é muito claro – é que quem vem da Formação, sejam eles mais velhos ou mais jovens – inclusive jogadores que no último jogo estiveram no banco, inclusive o Gonçalo [Oliveira] e o Diogo [Ferreira] que nem no banco ficaram –, vem com um vocabulário ligado... Não são palavras soltas, não são palavras isoladas. São palavras sentidas, são palavras com significado. Vêm com a escola Benfica, vêm com positividade, com motivação, com responsabilidade. E aquele grupinho que anteontem [sábado], quando falei, eu disse que era quase uma irmandade... São miúdos que se amam, que viveram juntos e que cresceram juntos. São miúdos muito fortes no balneário, e, como eu dizia anteriormente, mesmo aqueles que não têm jogado ou estão num estado inferior da sua formação... Mando já recado para a Formação: é trabalho deles, e um treinador da equipa principal, com miúdos destes, tem de lhes agradecer, porque, obviamente, é de lá que vem.

José Mourinho"Há clubes em que a braçadeira é de quem tem mais jogos no clube, há outros clubes em que a braçadeira é de alguém com a nacionalidade do próprio clube. Aqui, neste caso, a braçadeira está no braço de alguém que é verdadeiramente capitão, que se assume como capitão e que tem um peso como capitão" A sua voz é reflexo da intensidade que tem posto nos treinos, das correções que tem feito aos jogadores. Daqui por quanto tempo é que acha que vai ter a equipa a jogar de acordo com as suas ideias (porque neste momento falou do trabalho de campo, e o Benfica praticamente não tem trabalho de campo, é jogar, descansar, jogar, descansar)?

Sim, a voz é a voz de trabalho. É a mesma coisa quando as pessoas me veem bronzeado, eu digo sempre que é bronzeado de trabalho, que é só na cara e nas mãos e nada mais. É de trabalho, é de passar a informação constantemente, é de estar ainda numa fase onde os assistentes têm de ir crescendo também com a equipa, onde eu tenho de conhecer cada vez melhor o Ricardo Rocha, que não trabalhava com ele integrado no meu staff... Portanto, agora estamos ainda num período onde eu estou a assumir tudo em mãos, depois reuniões de análise ao adversário, reuniões de análise à nossa própria performance... Falo, falo muito, mas isto, 2/3 dias, a coisa recupera. Quando é que eu acho [que a equipa vai jogar de acordo com as minhas ideias]? Nunca, nunca, nunca, porque isto está sempre em permanente evolução, não é uma coisa estática. Quando se fala em pré-épocas, a pré-época, que é sempre ali 5/6 semanas, é um período onde o treinador treina praticamente 2 vezes ao dia, chega ao final da pré-época com tipo 50 treinos mais meia dúzia de jogos, este período é um tempo que não constrói uma equipa, mas que lhe constrói as bases. Mas depois a situação é sempre progressiva. Nós, por exemplo, na preparação deste jogo, há coisas que preparámos para o jogo anterior que passam, que são transferidas, como princípios de jogo, de jogo para jogo. Mas é uma coisa sempre em permanente. O Rio Ave joga diferente do AFS. Mesmo que eles não joguem a 5 e que joguem a 4, seguramente que os princípios serão basicamente os mesmos. São equipas diferentes, e nós temos de nos adaptar a isso. Agora, honestamente, acho que a empatia que nós estamos a criar entre nós, seja do ponto de vista humano, seja do ponto de vista metodológico, acho que eles estão a aceitar muito bem, acho que isto pode acelerar o processo.

José Mourinho"Aquilo que me surpreendeu muito, muito favoravelmente [...] é que quem vem da Formação [...], vem com um vocabulário ligado [...]. Vêm com a escola Benfica, vêm com positividade, com motivação, com responsabilidade"Quero perguntar-lhe sobre Lukebakio: como está o jogador? Está recuperado, pode ser opção para este jogo? Pelo que tem visto do jogador, o que é que pode acrescentar a esta equipa?

O Benfica, entre aspas, perdeu Aktürkoğlu e Bruma. Precisava, obviamente, de um ala, principalmente um ala... que foi bem escolhido, porque dá a opção de jogar tanto pela direita como pela esquerda. Obviamente, na direita, depois, vai à procura de zonas mais interiores, na esquerda pode jogar mais aberto. Ele pode fazer as duas coisas. Uma idade e uma experiência o mais equilibrada possível – nem demasiado jovem, nem over 30 anos. Está ali na idade, diria, perfeita de maturidade e de equilíbrio. É um jogador com um grande potencial que nós não estávamos à espera de que pudesse jogar amanhã [terça-feira]. Estávamos a prepará-lo para jogar só no jogo com Gil Vicente, e, neste momento, com esta nova abertura que permite que ele amanhã possa ir a jogo, nós retardámos o processo de preparação para o podermos ter amanhã, sem estar em estado exagerado de fadiga. Está no banco e, se tiver de ir a jogo, vai a jogo.

Já avisou que não veio para guerras, que até conversou com o presidente do FC Porto e com o presidente do Sporting, e que até pensava que este regresso a Portugal seria para treinar a Seleção Nacional. Se o convite tivesse partido de Villas-Boas, ou de Frederico Varandas, também aceitava? Soubemos que o presidente do Fenerbahçe perdeu as eleições: mais uma vez, o tempo deu-lhe razão?

As eleições do Fenerbahçe, honestamente, passam-me ao lado. Não penso que eu tenho qualquer tipo de relação com [o anterior presidente do Fenerbahçe] ter sido ou não ter sido reeleito. Se me perguntasse se estou feliz com a não reeleição, não estou. Se tivesse ganhado, perguntar-me-ia se eu estava feliz com a reeleição, também não estaria. A minha vida ali [na Turquia] foi pouco tempo, e pouco tempo com pouca intensidade, com pouca empatia, com pouca paixão. Honestamente, pelos jogadores que lá ficaram – e muitos deles ou quase todos com uma ótima relação –, que tudo lhes corra bem, e nada mais do que isso. A pequena conversa que tive com o presidente Villas-Boas e com o presidente Varandas foi muito simples. Foi no sentido de... eles, obviamente, até com um sorriso ou com um emoji sorridente, [desejaram] muita sorte, mas que acabes em 2.º [lugar]... é o normal. Se me faz a pergunta, se eu tivesse sido convidado pelo Sporting ou pelo FC Porto, se teria aceitado, honestamente não sei, mas, com a velocidade e com as condições com que eu disse sim ao Benfica, não.

José MourinhoFalou na última conferência de imprensa [pós-jogo do AFS-Benfica] que tinha falado com Frederico Varandas e com André Villas-Boas. O que lhe quero perguntar é se, estando o Benfica a passar por este período eleitoral, já foi contactado por algum dos candidatos. Se já falou, nomeadamente, com Luís Filipe Vieira ou com João Noronha Lopes. Não, não. Não conversei, nem acho que o deva fazer. Treinador do Benfica, focus no Benfica, focus na minha missão. Eu acho que os presidentes, que as direções, de um modo muito pragmático, são os representantes dos milhões de adeptos dos clubes, e é para esses milhões de adeptos que um treinador deve trabalhar. Se você me perguntar se eu fiquei agradado, se recebi com simpatia, até com algum orgulho, o facto de candidatos terem proferido algumas palavras de respeito relativamente à minha pessoa enquanto treinador: sim. Devo dizer que sim. Mas completamente isolado desse contexto, a dar o máximo em cada dia. Neste caso, neste momento, é o Presidente Rui Costa que aqui está cada dia. Foi ele que deu o grande passo para, não digo para me convencer, mas para me convidar a trabalhar no Benfica. E vai ser assim. Honestamente, eu não sou importante. Bem sei que agora, ao início, é normal toda esta coisa: eu voltei depois de uma série de anos, é o Benfica, é o Mourinho, e tal. Mas acho que é uma coisa que, com o passar dos dias, se deve... eu nem diria atenuar, diria mesmo apagar. O focus é no Benfica. O Benfica é que interessa.


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