"Era fundamental ganhar"
José Mourinho gostou do que viu, sobretudo na 2.ª parte, no AFS-Benfica (0-3), jogo da 6.ª jornada da Liga Betclic , disputado neste sábado, 20 de setembro, no Estádio do Clube Desportivo das Aves. O treinador assumiu que "era fundamental ganhar".
Em crescendo, o Benfica apresentou melhores argumentos futebolísticos na etapa complementar, como explicou José Mourinho em declarações à Sport TV.
"Jogámos muito melhor, girámos a bola, encontrámos soluções, encontrámos a profundidade, virámos o flanco de jogo várias vezes e fomos dominadores. Na 2.ª parte o jogo já não tem história, obviamente que gostei muito mais", disse.
José Mourinho lembrou a importância de ter contribuído para que os seus atletas "se libertassem do momento negativo".
"Disse-lhes que tinham, como jogadores de clube grande, de desfrutar da pressão, de desfrutar da responsabilidade. Não consegui passar totalmente essa mensagem, mas depois, na 2.ª parte, consegui que eles tivessem níveis de confiança altos, para poder jogar, para resolver o jogo. Com o 3-0, o jogo acaba", reforçou, rematando: "Hoje era fundamental ganhar."
O QUE JÁ Mudou " A última coisa que quero é ser eu a analisar para vós aquilo que eventualmente nós conseguimos mudar. Aquilo que conseguimos mudar, ou querendo analisar as coisas de uma maneira muito pragmática, é que no último jogo empatámos e perdemos 2 pontos, e que hoje era muito importante ganhar, e fizemo-lo. Analisando o jogo também sob o ponto de vista mental, mas que depois se reflete naquilo que foi o jogo jogado, eu comentava que são homens que jogam à bola, e na 1.ª parte viu-se uma equipa que quis muito, uma equipa que já teve algumas coisas de que eu gostei, mas viu-se uma equipa pressionada, uma equipa nervosa, que perdeu demasiado a bola e que demorou algum tempo a estabilizar. Os homens que jogam à bola fizeram um golo, e na 2.ª parte, sob o ponto de vista mental, eu só precisei de libertar os meninos, como se costuma dizer, de lhes dizer que teríamos de ir para acabar o jogo, teríamos de ir com uma atitude ganhadora, não podíamos dar ao Aves [AFS] a possibilidade de entrar no jogo e de discutir o jogo, e eles aceitaram bem essa confiança, aceitaram bem essa abordagem ao jogo. Depois, na 2.ª parte, os níveis de qualidade e os níveis de confiança muito altos. A equipa, na 2.ª parte, jogou verdadeiramente bem. Mesmo após o 2-0, eu disse-lhes que, se encontrarmos o adversário num momento de dificuldade, temos de aproveitar esse momento de dificuldade e não os deixar recuperar, e foi isso que fizemos: 2-0, 3-0, o jogo acabou. E o mais importante são obviamente os 3 pontos, mas agora 2 dias para, eu não digo trabalhar muito, digo mais 2 dias para recuperarem e afinar algumas pequenas coisas, e já chega outro jogo complicado."
SENTE-SE AQUILO QUE É O BENFIQUISMO
"[Sentimentos por regressar ao Benfica 25 anos depois] Eu não pensei muito nisso, eu disse que não vinha para cá celebrar a carreira, não vim para cá obviamente celebrar a carreira, mas até antes de chegar ao estádio tu sentes aquilo que é o benfiquismo, entras no estádio e ainda sentes mais, e confesso, sem qualquer problema, que no final do jogo, aí, sim, no final do jogo pensei: 25 anos que passaram a voar, mas 25 anos que não mudaram a minha natureza, que não mudaram a minha paixão, não mudaram a minha maneira de estar, de viver, não mudaram absolutamente nada."
"DESPACHEM-SE, QUE AMANHÃ HÁ TREINO DE MANHÃ" "[A equipa precisa de confiança?] Precisa disso, mas nós, os treinadores, somos todos diferentes, todos nós pensamos de maneira diferente, alguns de maneira diametralmente oposta, outros mais ou menos, mas nenhum de nós é igual, nós temos sempre coisas para acrescentar, para melhorar, às vezes para piorar. Mas com este pouco tempo eu quis dar estabilidade principalmente àqueles jogadores que vinham jogando praticamente sempre, ao mesmo tempo havia coisas de que eu gostava muito, porque o Benfica é uma equipa que eu analisei bem, joguei contra eles 2 vezes num curto espaço de tempo, vi muitos jogos, analisei os meus próprios jogos contra eles, era uma equipa que eu conhecia bem, havia coisas que eu quis tocar muito, muito, muito, ao de leve ou quase nada. Para vos dar um exemplo, bola parada defensiva, não tive tempo de treinar, vou mudar o quê? Vou acreditar naquilo que estava feito anteriormente, e bem, e manter. Houve outras coisas, lá está, são as tais coisas que eu dizia ao teu colega que não quero ser eu a analisar, deixo para os analistas analisarem, e se eles não conseguirem analisar, ainda melhor para mim, mas houve coisas que nós fizemos e que, mesmo jogando praticamente com os mesmos jogadores, fizemos coisas diferentes. Trabalhámos ontem uma horita e meia, e agradeço aos jogadores o profissionalismo, a paixão pelo Clube, mas ao mesmo tempo a maneira como me receberam, a maneira como eu senti que eles estavam a aderir àquilo que nós estávamos a trabalhar, e já está. Se tivéssemos perdido, era obviamente um desastre em termos de pontuação; ganhando, não é fenomenal, mas era a melhor coisa que nós podíamos fazer, era ganhar, eles precisavam de ganhar depois de 2 pontos perdidos e depois de uma derrota psicologicamente pesada, e, pronto, como eu lhes dizia a seguir ao jogo, foi bom, mas não foi nada de extraordinário, despachem-se, que amanhã há treino de manhã."
O BENFICA É UM "CLUBE GIGANTE" "Primeiro que tudo, quero agradecer-lhe [jornalista britânico] por estar aqui. Você segue a minha carreira em toda a parte, não tenho problema em dizer que é um bom amigo. Posso ser amigo dos jornalistas, e agradeço-lhe que esteja aqui. Honestamente, sempre pensei que voltaria a Portugal. Mas pensei sempre que seria para a Seleção Nacional. Eu sabia que a Seleção Nacional viria mais cedo ou mais tarde. Chegou a vir antes, e não pude aceitar. Pensava que um dia acontecerá, acho que é a consequência natural da minha carreira. Aconteceu o Benfica, um clube gigante. E não digo que é um clube gigante por estar no Benfica, disse-o recentemente na conferência de imprensa quando joguei contra o Benfica pelo Fenerbahçe, disse que o Benfica é verdadeiramente um clube gigante. [Estar de volta à Liga dos Campeões, a prova a que pertence] Não, eu pertenço às 3 competições: Liga dos Campeões, Liga Europa e Liga Conferência, pertenço a todas. Mas é bom estar de volta ao mais alto nível. Há outra curiosidade: no 1.º jogo em que for a casa [Londres], o meu filho, para ir a esse jogo, caminhará 5 minutos a partir de casa, e estará no estádio, o que também é curioso. Mas volto a dizer, tenho de esquecer as emoções. A verdade é que perdemos 3 pontos num jogo em que não podíamos [Qarabag], mas aconteceu. Teremos de ir buscar estes pontos a qualquer lado. [Receção em Lisboa e a atenção dos media] Para o bem ou para o mal, é assim que sou. Ele [Gonçalo Guimarães] sabe que vai ter o trabalho facilitado, porque eu não quero saber se as pessoas escrevem bem sobre mim, não quero saber se escrevem mal sobre mim. Eu não quero drafts todos os dias, eu não sei o que se diz na imprensa, é assim que eu sou. Parabéns [Gonçalo Guimarães], tem a vida facilitada comigo."
REGRESSO A Casa "A minha casa é em Londres. A nossa casa principal de família é em Londres. Eu não vim para Portugal pelo facto de que da minha casa em Azeitão ao Seixal são 20 minutos. Eu vim para treinar um grande clube, eu vim para treinar um gigante. Estive em gigantes – Real Madrid, Inter, Manchester, Roma (não um gigante para ganhar títulos, mas um gigante do ponto de vista social)... –, estive em grandes clubes. E tive agora a oportunidade de vir treinar um gigante, e foi isso que me trouxe. Depois, o centro de estágio passa a ser casa minha. E se o centro de estágio é no Seixal, ou se o centro de estágio é em Roma, ou se o centro de estágio é em Milão, honestamente, não muda grande coisa. A minha cabeça é profissional. Quando tiver para aí 80 anos, já voltarei a Portugal definitivamente, mas isto não é voltar a Portugal definitivamente. Isto é um contrato por 2 anos com o Benfica, e depois eu e o Benfica decidiremos se é para continuar ou não. Mas eu vim para aqui para trabalhar. Eu vim para aqui para trabalhar, e para sentir responsabilidade, e para sentir pressão, e para sentir exigência, e para me pôr a mim à prova, que eu ponho-me à prova todos os dias. Eu esqueço aquilo que aconteceu nos 25 anos passados, e ponho-me à prova todos os dias. E basicamente é isto. Estou supercontente, mas estou supercontente pela dimensão do Clube, e estou supercontente pela responsabilidade de treinar um clube destes. Voltar a Portugal não foi questão fundamental."
GRUPO AMIGO QUE PARECE UMA IRMANDADE" [Com mais 2 dias de treino, já dá para meter 2 dedos na equipa?] Sim, sim. Obviamente que são 2 dias de recuperação, mas pode-se recuperar só, ou pode-se tentar recuperar trabalhando, ainda que de forma muito passiva, com a intensidade muito baixa, mas pode-se tentar fazê-lo. Eu já o fiz e faço, porque estou habituado a jogar muitos jogos consecutivamente. Pode-se trabalhar em intensidades muito, muito baixas, com densidades muito, muito, muito baixas, mas pode-se tentar meter mais alguma ideia, sempre na mesma linha, sem desvirtuar muito daquilo que eles eram, mas pondo algumas coisas. Nós pressionámos de maneira ligeiramente diferente. Nós posicionámo-nos com bola de maneira ligeiramente diferente. Penso que fomos, na 1.ª parte, talvez um bocadinho precipitados na circulação e na procura da mudança de flanco e na profundidade, de um modo quase exagerado. Mas na 2.ª parte tivemos um melhor jogo posicional. E é como eu dizia, homens que jogam à bola, homens felizes, homens relaxados, jogam melhor do que homens sob pressão e tristes. E fundamentalmente foi isso. Os jogadores estão de parabéns, porque eles queriam muito. Eu senti que eles queriam muito. E não queriam muito por mim. Não é que eu lhes tivesse pedido alguma coisa para mim, ou que eles estivessem focados em mim. Não, eu acho que estavam focados neles próprios. Um grupo amigo, miúdos muito – a maior parte deles – jovens, mas miúdos giros, miúdos muito amigos, aquele pessoal que cresceu no Benfica, aquilo parecem verdadeiramente irmãos, o Tomás com o António, o António com o Rego, ou o Rego com o Veloso, aquilo parece mesmo uma irmandade. E é um grupo bonito, que eu vou tentar ajudar com a minha experiência. Pelo menos hoje ajudei-os a fazer 3 horas de viagem com um sorriso diferente do que as 3 horas de viagem para cima, onde sentia que o ambiente era pesado."
SEM PROBLEMAS COM O PASSADO AZUL E BRANCO
"[Disse que não podia dizer que não a um dos maiores clubes do mundo depois de ter sido recebido no Estádio do Dragão...] Desculpe interrompê-lo, porque pode interpretar mal. Eu, ao dizer que o Benfica é um dos maiores clubes do mundo, não disse que o FC Porto não é. Se você me perguntar 'Acha que o FC Porto é um dos maiores clubes do mundo?', eu digo que sim. Se você me perguntar se eu 'acho que o FC Porto é um clube gigante', eu digo sim. Se você me perguntar 'se eu, não sendo treinador do Benfica, tenho um carinho especial pelo FC Porto', eu digo sim. Eu digo sim a tudo. Eu digo sim a tudo."
SEM MIND GAMES, SEM INIMIGOS" [Já está a jogar com o próximo jogo com o FC Porto?] Não, eu não vim para o Benfica para chatear o FC Porto. Eu vim para o Benfica para usufruir, eu, da possibilidade de treinar outra vez a um nível alto, um clube grande, um clube com ambições de ganhar. Foi por isso que eu vim, eu não vim chatear ninguém. Eu acho que eles não vão ficar chateados comigo se eu disser aquilo que lhe vou dizer agora. OK, é intimidade, eu espero que eles não fiquem chateados comigo. Eu falei com o... Depois de vir para o Benfica, eu falei com o presidente Villas-Boas e falei com o presidente Varandas, do Sporting. Se temos boa relação, e se somos amigos, e se nos respeitamos, o facto de eu ser treinador do Benfica não significa que eu venho aqui para fazer guerra. Agora, se você me perguntar se espero ser ovacionado no Dragão daqui a 15 dias, obviamente que não. Obviamente. Eu joguei no Dragão pelo Chelsea, e não fui ovacionado de maneira alguma. Imagine ir ao Dragão com o Benfica. Mas é parte da vida. É parte da vida. O FC Porto é parte importantíssima da minha história, e eu sou parte importantíssima da história do FC Porto. Na semana passada... Eu vou-lhe contar a história. Eu e o meu staff, metade é do Norte, e metade é do Sul. Então, nós combinámos, enquanto estivermos desempregados, temos de trabalhar. Temos de trabalhar, temos de estar juntos. Então decidimos: vamos a diversos sítios, seja em Portugal, seja no estrangeiro, mas só em clubes que estejam a ganhar. Clubes onde a nossa presença não ponha em dúvida absolutamente nada. Então era: FC Porto na semana passada; neste fim de semana, seria Lisboa, íamos ver o Sporting com o Moreirense; daqui a 2 semanas, íamos para Madrid ver o Real Madrid-Villarreal. Eu tinha decidido: Benfica não vamos, Inter de Milão, que também não está bem, e falava-se um bocadinho que eu podia ir, não sei o quê, não vamos. Mas íamos continuar assim. Eu vou ao Dragão sem nenhuma outra intenção. O presidente [André Villas-Boas] teve aquela atenção fantástica para comigo, os adeptos tiveram aquela atenção fantástica para comigo, que eu acho que mereço. Que eu acho que mereço. Mas agora nada. Inimigos durante 90 minutos. Eu já nem consigo falar nessa palavra com a maneira como eu cresci como homem. Inimigos desportivos. Nem me gosta isso. O FC Porto quer ganhar, nós queremos ganhar, já está. Não há mais história."
Comentários
Enviar um comentário
obrigado pelo seu comentário !!!
Siga-nos no Facebook!!! https://www.facebook.com/benficaglorios/ ☚ Visita