"Resultado é extremamente injusto"
José Mourinho considerou que o resultado do Benfica-Rio Ave (1-1), jogo em atraso da 1.ª jornada da Liga Betclic disputado nesta terça-feira, 23 de setembro, no Estádio da Luz, foi "péssimo" e "extremamente injusto" para os seus comandados.
Em declarações rápidas à BTV, o treinador ressalvou que, após "uma 1.ª parte pobre", a 2.ª parte das águias foi "dominante, agressiva, com oportunidades, sempre a jogar no campo adversário, mas a jogar de maneira agressiva", uma vez que "os dois jogadores que entraram [Lukebakio e Schjelderup] deram um cariz diferente ao jogo".
"Na 1.ª parte, com o Aursnes e com o Ivanovic, há pouca amplitude, porque são as características que eles têm. Tentámos com o Dedic, tentámos com o Dahl. Na 2.ª parte, com a entrada daqueles dois – apesar de o Bakio [Lukebakio] obviamente não estar nas melhores condições e o Andreas [Schjelderup] ter tentado ali –, criámos bastante. Procurámos muito mais a profundidade, recuperámos a bola muito rápido, fomos muito bons a recuperar a bola rapidamente", explanou.
"Fazemos golo de tanto tentar e tanto criar. Fazemos golo, e, depois, é o momento em que não se pode sofrer. Não se pode sofrer um golo neste momento do jogo", vincou o técnico, justificando: "Somos penalizados numa transição em que... costumo dizer 'a equipa que está a ganhar não sofre golos em transição', e nós sofremos e perdemos 2 pontos por isso."
"A equipa teve uma boa atitude, os rapazes tiveram uma boa atitude. Acho que ganhar este jogo como iríamos ganhar, quase no fim do jogo, seria um boost psicológico importante. Sofrer daquela maneira é exatamente o oposto, mas, como eu lhes dizia, este jogo já não o podemos ganhar, só podemos ganhar o próximo", afiançou, com a ambição de "jogar 90 minutos como" os encarnados atuaram no 2.º tempo.
UM DESFECHO QUE DÓI"Primeiro, acho que o resultado é extremamente injusto. Uma equipa quis ganhar, uma equipa quis empatar. Acho que o resultado é injusto, principalmente por aquilo que fizemos no 2.º tempo, mas fomos penalizados com um resultado que é, obviamente, péssimo, contra um adversário que fez um golo fantástico, sob o ponto de vista técnico, no único remate que fizeram à baliza. Mas tenho de olhar para o golo na perspetiva de treinador do Benfica. E não se pode sofrer aquele golo ao minuto 90, depois de ter feito 45 minutos de boa qualidade, boa intensidade, tanta criação, tanta recuperação de bola alta, tanta transição, um esforço tremendo. Modificações na estrutura da equipa e na filosofia de jogo. Fizemos tudo para ganhar. Fazemos o golo, não se pode sofrer um golo a ganhar 1-0 a um par de minutos do final. Pode-se sofrer um golo naquele momento, mas tem de ser um golo diferente. Não se pode sofrer um golo onde o portador da bola, que, se eu não me engano, será o Enzo [Barrenechea] ou o [Richard] Ríos, mas um dos dois, e estão 6 jogadores à frente da linha da bola. A ganhar 1-0, no minuto 90, ter o portador da bola mais 6 – são 7 jogadores – em posição ofensiva, e ter somente 3 [a defender] é naïf, é pouca experiência global, é pouco entendimento do jogo, porque naquele momento devíamos fazer aquilo que fizemos durante a 1.ª parte, que foi circular sem nenhuma objetividade e sem nenhum perigo. Aquilo que fizemos mal na 1.ª parte era aquilo que devíamos ter feito a partir do momento em que fizemos o golo. Portanto, dói. Dói o resultado, dói a injustiça do mesmo e dói a maneira como sofremos o golo. Mas, claramente, uma 1.ª parte onde tivemos bola, mas sem grande objetividade. Na 2.ª parte, principalmente com a mudança de estrutura, com os 2 jogadores que entraram, a equipa começou a andar de outra maneira, começou a ter muito mais objetividade, começou a criar. Faz um golo que, como eu dizia na flash interview, se isto é o futebol de hoje, se se anula um golo por um dedinho ter sido pisado ou por uma camisolinha ter sido puxada, eu não gosto deste futebol de hoje. Se isto é o futebol de hoje, eu não gosto deste futebol de hoje. Acaba por ser o protagonista do jogo, o senhor que estava na Cidade do Futebol, a chamar o árbitro para ver aquilo que todos vimos, e depois é o árbitro não ter personalidade, que normalmente eles não têm, e normalmente vão na sequência daquilo que o VAR lhes diz. Eu, quando vi o árbitro ser chamado ao VAR, já sabia que o golo iria ser anulado. Independentemente disto, jogámos contra uma equipa superdefensiva, que eu obviamente não critico, estou simplesmente a dizê-lo. Difícil de entrar, mas na 2.ª parte fizemos tudo para entrar e entrámos. Não somos uma equipa com grande presença na área, não somos uma equipa que pode dominar e cruzar, cruzar, cruzar, porque não somos uma equipa com grande presença nem física, nem de características para ter esse jogo de área. Tentámos entrar de outras maneiras, conseguimos, fizemos um bom golo, e depois, como eu dizia, o resultado é extremamente injusto. Mas o futebol não se compadece com esta análise da injustiça, é o resultado que é, perdemos 2 pontos importantes."
FRUSTRAÇÃO DO GOLO DO Empate "Eu acho que esta 2.ª parte é melhor do que a 2.ª parte na Vila das Aves. É muito melhor, tem muito mais qualidade, tem muito mais consistência. Foram, não digo 45 minutos, que os primeiros 10 também não foram grande coisa, mas foram 35 minutos verdadeiramente bons. Foram 35 verdadeiramente bons, e depois bola perdida, bola recuperada, bola perdida, bola recuperada, sempre com uma grande intensidade, um grande volume ofensivo. Esta 2.ª parte é a melhor, se dividirmos os meus 2 jogos nas 4 partes, para mim esta 4.ª parte é a melhor das 4. Depois, obviamente, uma coisa é acabar o jogo com a alegria de ganhar ao minuto 80 e tal, e outra coisa é a tristeza e a frustração de perder 2 pontos ao minuto 90 ou 90+1. Mas é o que é, eu considero naïf. Se não é naïf, é pouca experiência, é pouco conhecimento do jogo. Não podemos ter 6 jogadores à frente do portador da bola ao minuto 90 a ganhar 1-0, não podemos. Mesmo que a bola entre nessa zona, não podemos atacar o adversário, não podemos atacar o adversário para perder a bola, temos de voltar a circular por trás. Aquilo que na 1.ª parte fizemos e que me chateou bastante, que foi demasiado para trás, e pouco girar o corpo, e pouco atacar o adversário, aquilo que na 1.ª parte me chateou foi exatamente aquilo que fizemos na altura em que não devíamos. Voltámos a fazer só depois de estarmos a ganhar 1-0. É frustrante, mas é o que é, temos de andar."
VONTADE DE GANHAR ESCONDEU LIMITAÇÕES FÍSICAS
"Eu acho que hoje foi a vontade de ganhar, a vontade de fazer as coisas bem, a vontade de dar tudo, a vontade de ser Benfica nesse sentido de 'vamos com tudo até aos limites'. Acho que foi isso que fez esconder um bocadinho algumas limitações a nível físico. Eles jogaram há 2 dias, a maneira como o trabalho deles foi gerido pós-'não-pré-época', é uma coisa que eu não consigo identificar e é difícil perceber as consequências. Agora com esta acumulação de jogos, com jogos de 2 em 2 dias, obviamente que houve ali jogadores que se sentiu que lhes faltava um bocadinho de frescura. Eu também não quis mudar, quis manter a mesma equipa, quis dar uma determinada sequência àquilo que fizemos no primeiro jogo, mas, independentemente de tudo, eles foram com tudo até ao fim. O jogo não acabou quando fizemos golo, mas acho que, se calhar, na cabeça deles, aquele golo foi o golo da vitória, e depois, em vez de mudarem o chip e entrarem naquela dinâmica de agora é para segurar, não digo segurar defendendo, mas segurar posicionando melhor, foi o erro que cometemos na 2.ª parte."
O FUTEBOL DE HOJE E OS SEUS CRITÉRIOS"É o futebol atual que eu não sou obrigado a gostar de. Não gosto deste tipo de golo anulado, seja para um lado, seja para o outro, mas você tem razão, é o futebol de hoje, o árbitro foi chamado ao VAR e decidiu. Não significa que eu esteja a ser crítico. OK, você tem razão, eu também utilizei essa expressão, é o futebol de hoje. Honestamente, não acho que seja golo para ser anulado. Como também não acho que seja, e aqui não é o VAR... Um jogador que eventualmente simula fora da área, aos 5 minutos do jogo, leva cartão amarelo? No contexto daquilo que é um jogo, quem é que merece levar mais um cartão amarelo? É quem eventualmente simulou, nem sei se simulou, mas fora da área, ou são jogadores que passam todo o jogo a retardar, a simular lesão? Portanto, há critérios... Mas, honestamente, eu, quando perco – e neste caso sinto que perdi, o empate para mim, neste caso, é derrota –, não gosto muito de ir por aí, não foi pelo árbitro que não ganhámos."
AINDA HÁ MUITO CAMPEONATO
"[Como é que sentiu os adeptos consigo?] Eu no jogo não sinto, eu no jogo trabalho, e não tenho condições para estar preocupado com sentir. Honestamente, não senti. 'Não ser consensual' fui eu o primeiro a dizê-lo, então não preciso de que vocês mo repitam, porque eu próprio fui o primeiro a dizer. É muito difícil ser consensual, e honestamente eu não pensava sê-lo, nem é uma coisa que, obviamente, me preocupe, porque não é uma coisa que eu posso controlar. A única coisa que eu posso controlar é a maneira como eu me entrego ao trabalho, e a maneira como faço aqueles que trabalham comigo, nomeadamente os jogadores também, trabalharem sempre nos seus limites. Se temos estofo ou não, vamos ver no final do Campeonato. Neste momento temos, se eu não me engano, 4 pontos a menos do que o FC Porto e, se calhar, 1 a menos que o Sporting, ou 2, uma coisa desse tipo, considerando que somos, estes três, os candidatos, com todo o respeito pelo SC Braga, pelo Vitória de Guimarães, equipas ótimas, mas não sei se eles se consideram candidatos ao título ou não, mas falta muito, falta muita coisa."
OS RESPONSÁVEIS PELO QUE SE PASSOU NA 1.ª PARTE"Para mim, vários responsáveis. Responsável o Rio Ave, e repito que não é uma crítica, mas responsável o Rio Ave pela estratégia que utilizou, principalmente ao nível emocional, a estratégia que utilizou de parar o jogo, retardar o jogo, parar o jogo, retardar o jogo. Responsabilidade do árbitro, e eu disse-lhe isso ao intervalo. Eu não quero falar de decisões técnicas, mas por que razão é que um árbitro não dá um cartão amarelo a um guarda-redes ao minuto 15, ao minuto 20? Porque é que não? Porque, se isso acontece, o jogo é outro. O jogo é outro, completamente outro. Os árbitros têm também responsabilidades, como nós, na qualidade dos jogos, têm de defender o futebol, e defender o futebol é lutar contra este tipo de estratégia, que eu também já fiz, e se calhar algum dia voltarei a fazer, mas os árbitros têm esse tipo de responsabilidade. E depois responsabilidade nossa, que circulámos muito, contra uma equipa de 5. A jogar a 5, é muito difícil fazer mudanças radicais na direção do centro do jogo, é muito difícil porque eles têm a amplitude toda ocupada. Tivemos pouco jogo interior; recuperávamos bolas e, em vez de recuperar e orientar imediatamente para a frente, jogávamos imediatamente para trás; pouca velocidade na bola, com uma relva fantástica para jogar depressa; pouco jogo interior; o lado direito com dificuldades de pôr o jogo a andar, culpa minha também, porque optei por jogar com esta equipa, também o Lukebakio não tinha condições para jogar muito mais do que aquilo que jogou. Na 2.ª parte começámos a acelerar, demos mais amplitude, metemos muita gente em posições de golo, apesar de, eu repito, não sermos uma equipa com grande presença na área, com grandes jogadores de área, não é o nosso perfil, mas muito contente com a 2.ª parte. Se eu pudesse fazer com que o jogo acabasse com o nosso golo, estaria supercontente com a 2.ª parte."
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