"Entendo o desapontamento, queremos acabar a época num nível de topo"

 

O Benfica enfrenta o Braga neste sábado, 27 de abril, num encontro válido para a 31.ª jornada da Liga Betclic, aprazado para as 18h00, no Estádio da Luz. Na antevisão ao jogo, Roger Schmidt apontou à prática de "bom futebol" e ao triunfo.

Na conferência de Imprensa, que decorreu no Benfica Campus, o treinador explicitou que entende o desapontamento e as críticas, dentro dos limites convencionados pelos melhores valores. "Não estamos satisfeitos, porque podemos apenas vencer a Supertaça, e somos muito ambiciosos", afirmou.

"Ainda temos a possibilidade de nos sagrarmos campeões, não é o mais provável, mas há uma pequena possibilidade, e estamos 100 por cento focados no que temos de fazer em campo", vincou. "Queremos acabar a época num nível de topo", salientou ainda Roger Schmidt.

Qual será a sua abordagem para este jogo com o Braga?A abordagem é clara: jogar bom futebol e obter os três pontos. É esta a nossa abordagem para jogarmos contra uma das equipas de topo [da Liga]. Defrontar o Braga nunca é fácil, há muita qualidade individual, e temos de estar prontos para um oponente que ainda está a lutar pelo 3.º lugar na Liga. É uma grande conquista que eles podem conseguir neste ano. Esperamos um Braga muito motivado. Ainda temos a possibilidade de nos sagrarmos campeões, não é o mais provável, mas há uma pequena possibilidade, e estamos 100 por cento focados no que temos de fazer em campo. Já mostrámos na segunda-feira [frente ao Farense] que estamos prontos para o fim da época, para acabarmos num nível de topo. Depois da desilusão em Marselha [Liga Europa], fizemos um bom jogo na segunda-feira [em Faro], ganhámos, e queremos continuar.

Neste encontro, uma vitória permite ao Benfica adiar a decisão da luta pelo título e, por outro lado, assegurar a pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Sente que é uma prova de fogo para a equipa, neste contexto, também para responder à contestação dos adeptos e dar essa resposta positiva à Direção do Clube?

É como você disse. Uma coisa é continuarmos a lutar para sermos campeões, outra coisa, crucial para equipas como o Benfica, e para todas as equipas, é fazer parte da Liga dos Campeões. Principalmente na próxima temporada, com o novo figurino da prova. Fazer parte da Liga dos Campeões é sempre importante devido aos aspetos financeiros, mas também para a imagem do Clube. Neste ano é um pouco diferente, no que diz respeito aos lugares da Liga dos Campeões em Portugal, perdemos um pouco a nossa posição, e é por isso que é muito importante, no mínimo, ficarmos em 2.º. Assim, ainda temos a hipótese de jogarmos os play-offs, ou, talvez, de nos qualificarmos diretamente, dependendo de quem ganhar a Liga Europa. É uma razão muito importante, e sabemos que a podemos alcançar já amanhã [sábado, 27 de abril], vencendo o jogo, mas o grande objetivo é lutar pela melhor posição possível [no Campeonato], e claro que essa é o 1.º lugar.

"Compete-nos jogar bom futebol, mostrar aos adeptos que estamos a lutar pelos três pontos e que temos orgulho de vestir a camisola do Benfica"Roger Schmidt

Na jornada anterior, em Faro, houve momentos de tensão com os adeptos. Que ambiente espera encontrar neste jogo no Estádio da Luz? Na segunda-feira, afirmou que alguns adeptos devem ficar em casa, se não tencionarem apoiar a equipa...

Se quiserem cuspir nos nossos jogadores, ou atirar objetos, é melhor ficarem em casa, mas claro que precisamos dos outros adeptos. Não se pode ter sucesso sem adeptos. Precisamos de uma atmosfera de topo no nosso estádio. Como disse, ainda estamos a lutar pelo Campeonato. Ainda não acabou. Espero que haja uma boa atmosfera, como aconteceu várias vezes. É fantástico jogar neste estádio, especialmente quando os adeptos estão completamente a apoiar-nos. É uma das principais razões pelas quais se pode ser bem-sucedido no futebol. Temos objetivos altos e há que usar todos os trunfos para ganhar vantagem. Claro que jogar em casa tem de ser uma vantagem para nós. Compete-nos jogar bom futebol, mostrar aos adeptos que estamos a lutar pelos três pontos e que temos orgulho de vestir a camisola do Benfica. É a nossa tarefa, e claro que espero que tenhamos muitos adeptos a apoiarem-nos para vencermos o desafio.

Falou com o Presidente depois do que aconteceu em Faro? Sente que tem condições para continuar?Acho que já respondi a essa questão nas últimas cinco conferências de Imprensa, sobre o meu futuro. Não tenho nada de novo a acrescentar. Tenho uma relação muito boa com o Presidente. Falamos sempre sobre tudo, isso é claro, mas eu não sou importante. O mais importante é o Benfica, que nos desenvolvamos e lutemos pelos objetivos do Benfica. É exigente, é claro, mas se olharmos para o panorama geral, nos últimos dois anos, fizemos coisas muito boas. Talvez neste ano só vençamos a Supertaça, e temos de aceitar. Já disse várias vezes que, do meu ponto de vista, construímos uma nova equipa nos dois últimos anos, uma equipa jovem com muito potencial e valor. Fazê-lo e ser campeão todos os anos, não é fácil. Neste ano tivemos uma competição muito difícil, acho que estamos bem, talvez não no nosso máximo, mas bem o suficiente para ganhar o Campeonato. O nosso concorrente, o Sporting, está a realizar uma época muito boa e, se continuar assim, fazendo tantos pontos, será muito difícil sermos campeões. Temos de aceitar, mas independentemente disso, em termos de desenvolvimento do Clube, estilo de jogo, jogadores, incluindo os jovens da academia, acho que estamos no bom caminho. Não estamos satisfeitos, porque podemos apenas vencer a Supertaça, e somos muito ambiciosos, é essa a nossa atitude, no geral. Mas também vemos isso um pouco como motivação para fazer as coisas de melhor forma na próxima temporada e estarmos preparados quando acabarmos esta época. É essa a minha mentalidade neste momento. Já disse tudo sobre os adeptos na segunda-feira, depois do jogo [com o Farense]. Entendo o desapontamento e as críticas que nos fazem, é normal e temos de aceitar, mas claro que há alguns limites. Quando se começa a arremessar objetos ou a cuspir para os atletas... Nós somos o Benfica, representamos o Benfica e devemos esperar o mínimo de respeito. No geral, os valores básicos estão a decrescer por todo o mundo, mas não está correto. Respeito, verdade, honestidade, alguns valores básicos na vida, têm de estar sempre presentes. Não conseguimos vencer todos os troféus nesta época, mas os jogadores estão a fazer tudo para serem bons e para que o Benfica seja uma boa equipa. Estamos a tentar dar o nosso melhor, aceitamos as críticas, mas não ao nível do que se viu na segunda-feira.

"Tento ser um bom treinador para este Clube, para a minha equipa, e espero que as pessoas sintam que tento o meu melhor. Isto é importante para mim"

Sente que ainda é possível reconstruir a relação com os adeptos?

Não leio as vossas peças nos média, não vejo televisão, e acho que é uma grande vantagem não falar português, porque estou completamente independente nessas questões. O que vejo, no meu dia a dia, é que há muito apoio ao Benfica e muita apreciação pelo que estamos a fazer. Claro que há sempre, como já disse algumas vezes, críticas no Benfica. É normal. Apontarem as coisas negativas é o vosso trabalho, e aceito completamente. Não é um problema. É o nosso mundo, as coisas negativas são muito mais interessantes para as pessoas do que as positivas. É muito claro, e quando fala dos adeptos, fala dos negativos, das 10 pessoas que no jogo com o Farense atiraram coisas aos meus jogadores. Há muitos adeptos do Benfica e pessoas que amam o Benfica que não gostam do que eles estão a fazer. Há muito mais pessoas positivas e que amam o Benfica e que o apreciam. Se me perguntar qual é a minha relação com as pessoas que atiram coisas aos meus jogadores, que cospem nos meus jogadores... não quero trabalhar nesta relação. Porque acabou. Esta relação não posso aceitar, e nunca vou aceitar. Nem nunca vou perdoar estas coisas. Estas 10 pessoas, não preciso de ter uma relação com elas. Tento ser um bom treinador para este Clube, para a minha equipa, e espero que as pessoas sintam que tento o meu melhor. Isto é importante para mim. Um dia, no final de contas, se já não for o treinador certo para o Benfica, o meu Presidente dir-me-á. Temos uma boa relação, mas, de certeza, é mais importante para ele que o Benfica esteja equilibrado e com o máximo sucesso possível. Ele dir-me-á se não for o caso. De momento, na minha opinião, todos trabalhamos para um final de época de topo e, depois, tentaremos analisar e melhorar na próxima temporada.

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