"É uma enorme oportunidade, cabe-nos dar tudo"

 

Na véspera do embate da 1.ª mão dos quartos de final da Liga Europa entre o Benfica e o Marselha desta quinta-feira, 10 de abril, Roger Schmidt sublinhou a vontade da equipa de conquistar o melhor resultado possível no duelo, para dar um passo importante rumo ao objetivo de avançar às meias-finais.

Em conferência de Imprensa e em declarações à BTV, o treinador encarnado garantiu estar à espera de um embate de grande nível entre duas equipas de grande qualidade, revelando que a segurança na circulação de bola e a pressão podem ser chave para o sucesso das águias nesta quinta-feira, 11 de abril, no Estádio da Luz.

Assegurando que o Benfica continuará a dar tudo em todas as competições em que está envolvido, Roger Schmidt vê a equipa em boa forma física e mental, apontando a eficácia como algo a ser afinado relativamente às "boas exibições" dos dois dérbis da semana passada.

Como sente a equipa a nível físico e mental na véspera do regresso à Liga Europa?

Sinto-a muito bem. Jogámos a um nível muito alto nas últimas semanas. Nos dois jogos com o Sporting não tivemos sucesso, mas mostrámos que estamos em boa forma a nível físico, mental e do futebol jogado. Os jogadores mostraram qualidade, e a equipa, na totalidade, também. Isso é um bom cartão de visita para os quartos de final da Liga Europa. É um grande jogo e uma enorme oportunidade, porque o Benfica não vai às meias-finais de uma competição europeia há algum tempo. Cabe-nos dar tudo para alcançar esse objetivo.

O Marselha é uma equipa muito forte no seu reduto, e o Benfica nunca perdeu no Estádio da Luz para a Liga Europa. O fator casa será decisivo nesta eliminatória?

Vamos ver. As estatísticas do passado não são muito importantes para mim, porque cada jogo é diferente. O que é claro é que nesta fase da Liga Europa todas as equipas jogam a um grande nível. Tivemos ontem [terça-feira, 9 de abril, nos quartos de final da Champions] a primeira impressão sobre a diferença do que é jogar nos quartos de final de uma prova europeia, com dois grandes jogos e as quatro equipas envolvidas a darem o seu melhor. É isso que esperamos do Marselha, mas também de nós. A qualidade individual dos jogadores está lá e, agora, temos de ser fortes na 1.ª mão em casa. Precisamos de um bom resultado, e esta situação não é nova para nós. Nas últimas duas eliminatórias [Toulouse e Rangers], também jogámos primeiro em casa, e, depois, fomos capazes de jogar bem fora de casa, na 2.ª mão. Estamos completamente focados no jogo de amanhã [quinta-feira, dia 11], em jogar bem e em tentar conquistar o melhor resultado possível.

Qual é a sua imagem do Marselha nesta época? O que pensa da equipa e dos seus pontos fortes?

O Marselha está em 7.º lugar na Liga francesa. Ainda é possível chegar às competições internacionais, por isso podem salvar a época com um bom final na Liga, e, claro, ainda estão nos quartos de final da Liga Europa. Estiveram bem no futebol internacional, na fase de grupos e nas últimas duas rondas. É uma equipa que está a jogar um futebol muito físico e ativo, e com alguma clara qualidade individual, jogadores-chave como o Aubameyang, por exemplo. Conheço-o muito bem da Liga alemã, ele está a jogar muito bem no Marselha, e o jogo baseia-se um pouco na sua qualidade individual. Mas, no geral, são uma equipa difícil. Esta é a minha opinião sobre o seu estado atual, porque não me importo com o que aconteceu no início da época. Tenho de estar pronto para o jogo de amanhã [quinta-feira].

"Temos de ser muito bons com a bola e evitar perdê-la na primeira fase de construção. Quando a perdermos, temos de ser fortes na pressão e na recuperação"

Roger Schmidt

Aubameyang está a marcar muitos golos e a jogar com muita liberdade no ataque do Marselha. Qual é o segredo para o controlar?

É uma tarefa de toda a equipa. Ele está mais experiente, mas continua muito rápido e inteligente no posicionamento e a antecipar as jogadas na área. Ele é bom nisso, e controlá-lo não é tarefa para um jogador, mas sim para toda a equipa. Temos de ser muito bons com a bola e evitar perdê-la na primeira fase de construção. Quando a perdermos, temos de ser fortes na pressão e na recuperação.

O Marselha tem muitos jogadores lesionados. O que pensa disso?

Nesta fase da temporada, esperamos ter todos os jogadores aptos para jogar. O Marselha tem algumas lesões, e é uma pena para eles, mas não podemos mudar isso. Mesmo assim, vão apresentar uma equipa fortíssima em campo.

Vão estar em torno de 2000 ou 3000 adeptos do Marselha em Lisboa, e o Benfica decidiu anular os seus bilhetes. Qual é a sua opinião sobre o tema?

Fiquei a saber disso e falei com o Presidente [Rui Costa]. Ainda é uma questão em aberto. O Marselha não deu permissão aos nossos adeptos de assistirem ao jogo da 2.ª mão, e acho que é justo que eles [adeptos do clube francês] não possam vir à partida de amanhã [quinta-feira]. O melhor era que eles tivessem adeptos no nosso estádio e que nós tivéssemos os nossos adeptos em Marselha, porque precisamos sempre deles.

Amanhã [quinta-feira], vai realizar-se uma homenagem a Sven-Göran Eriksson, antigo treinador do Benfica. O que lhe apraz dizer sobre esse momento?

Claro que já ouvi muitas coisas sobre Eriksson. Nunca o conheci, mas tudo o que ouvi foi muito positivo. Um treinador de topo, uma grande personalidade no futebol e está numa situação muito difícil da sua vida. Terá as suas memórias amanhã [quinta-feira], quando entrar no Estádio, e espero que possa desfrutar deste momento.

"Precisamos de um bom resultado, e esta situação não é nova para nós. Nas últimas duas eliminatórias [Toulouse e Rangers] também jogámos primeiro em casa, e, depois, fomos capazes de jogar bem fora"

Agora, ganhar a Liga Europa é o maior objetivo para o Benfica?

Diz isso como se fosse um facto. Não é um facto, não vamos desistir no Campeonato, com certeza. Claro que sabemos que é difícil, não faltam muitos jogos, mas, ainda assim, é possível. Não é como se parássemos de jogar no Campeonato e nos focássemos completamente na Liga Europa. Durante toda a época, demos tudo em cada competição para as ganhar. Infelizmente, na Taça da Liga e na Taça de Portugal, saímos nas meias-finais, mas jogámos bom futebol nestes jogos e acabámos por ser ineficazes para aproveitar isso e somar um resultado melhor. Isso mostra que damos o nosso melhor em cada competição. Agora, o próximo jogo é para a Liga Europa, e são os quartos de final. A equipa trabalhou muito arduamente para se qualificar para esta fase e, agora, cabe-nos focar completamente nestes dois jogos e tentar tudo para alcançar as semifinais da Liga Europa.

Estando o Campeonato mais difícil, a Liga Europa pode ser encarada como uma tábua de salvação da época?

A Liga Europa é uma grande competição. Claro que também adoramos jogar na Liga dos Campeões, mas, se já não fazes parte dela, a Liga Europa também é uma competição de topo. Se virmos as equipas qualificadas para os quartos de final, vemos o valor da competição, e claro que é muito bom o Benfica ainda estar numa competição internacional nesta fase da época. Sabemos que, se jogarmos ao nosso melhor nível, os quartos de final não serão o último passo nesta competição. Cabe-nos usar esta oportunidade e também um pouco da experiência da época passada, em que estivemos nos quartos de final da Liga dos Campeões. Penso que temos uma experiência diferente, também com situações em jogos internacionais. Com a forma em que estamos agora, pode ser muito bom para o resto da época ficar nesta competição. Gosto de poder jogar internacionalmente amanhã [quinta-feira], porque os dois resultados na semana passada foram duros para nós. Ficámos muito desiludidos, a equipa esforçou-se muito para vencer estes jogos, não teve muita sorte, mas, ainda assim, a performance foi boa. Também temos de ver isto quando nos preparamos para o resto da época, e especialmente para a Liga Europa. Isto está no meu foco, e sinto que a equipa está com a mesma mentalidade. Vi-os desapontados depois do jogo, mas agora já estão muito motivados para o resto da época, e especialmente para a Liga Europa.

"A equipa trabalhou muito arduamente para se qualificar para esta fase e, agora, cabe-nos focar completamente nestes dois jogos"

Tendo em conta o atual contexto, está a planear dar mais minutos aos jogadores que jogaram menos, já a pensar na próxima época?

Para ser honesto, de momento, não tenho nenhum pensamento acerca da próxima época, nem sequer um único pensamento acerca do jogo que se segue ao de amanhã [quinta-feira]. Estou completamente focado em cada partida. Damos o nosso melhor para vencer cada uma delas e precisamos da melhor formação e do melhor onze. Isso não significa jogar sempre com os mesmos, porque jogamos amanhã [quinta-feira] e depois jogamos no domingo [14 de abril]. Vamos ver como os jogadores recuperam. No domingo, já temos de substituir alguns, porque temos suspensões. Precisamos de todos eles, de início ou do banco, para fazer um final de época muito bom. É claro que também temos bons jogadores no banco, mas os que começaram nas últimas semanas estiveram muito bem, e este é sempre muito bom argumento para ficar na equipa, mas pequenos ajustes são sempre possíveis.

Quem será o avançado-centro?

Veremos [risos].

Apesar de o Benfica ter lançado um comunicado na segunda-feira [8 de abril] a desmentir que esteja a procurar treinador, sente-se incomodado ou prejudicado por se falar tanto de um substituto, e neste caso estou a falar de José Mourinho?

As vossas histórias não são meu problema e não vou comentar isso.

"Daremos o nosso melhor amanhã [quinta-feira], porque assim podemos fazer muitas pessoas felizes"

Nos últimos tempos têm surgido críticas em torno do comportamento de Di María em campo, e estas aumentaram de tom após o lance com Pedro Gonçalves no último dérbi. Como analisa esse comportamento? Entende que ele está a exceder-se, ou que é normal e faz parte do jogo?

Foi um toque na face do Pedro Gonçalves, e acho que não foi com força suficiente para ele cair, embora não tenha sido 100% correto. Mas o que eu vejo é o quadro geral. O Ángel [Di María] é um jogador de topo e está em grande forma neste momento. Na terça-feira [2 de abril] e no sábado [6 de abril], fez duas grandes exibições, e também é um jogador correto. Nas últimas conferências de Imprensa, eu já tinha dito que, na minha opinião, os árbitros usam-no para mostrar a sua determinação e o seu estatuto, porque não apitam faltas sobre ele. Eu vejo as imagens da televisão, e vocês também. Ele é muitas vezes castigado com faltas, e não são muitos os livres assinalados. O Di María pode melhorar em alguns aspetos, como, por exemplo, no controlo das suas emoções, mas têm de respeitar a sua carreira e respeitá-lo como jogador. Se existir justiça no campo, ele será correto. Não tenho dúvidas sobre a sua personalidade, respeito e correção. É claro que é emocional, mas essa também é uma das forças dele, porque está sempre motivado para ganhar os jogos, sobretudo os grandes, como os da última semana. Para mim, ele é muito bom em tudo.

Como alemão, o que sente que o Benfica representa?

Descrever o Benfica num minuto é difícil. Antes de vir para o Benfica, ouvi que alguém no passado disse que, se queres conhecer o Benfica, tens de fazer parte do Benfica. Isto é muito verdadeiro. É um grande clube, também de fora, mas, quando estás dentro, é ainda maior. Há muita emoção, amor, paciência e futebol neste clube, não só na cidade, mas em todo o país. Tem um grande papel na sociedade de Portugal. É por isso que daremos o nosso melhor para vencer amanhã [quinta-feira], porque assim podemos fazer muitas pessoas felizes.

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