Jorge Jesus: "Ainda há objetivos para conquistar"

 

Relembrando que ainda faltam três jornadas e uma final da Taça de Portugal para disputar, Jorge Jesus vincou que há objetivos para alcançar. Todavia, alertou que o adversário desta terça-feira ainda sonha com a permanência. O Nacional-Benfica da 32.ª jornada da Liga NOS está aprazado para as 18h00, no Estádio da Madeira.

Em conferência de Imprensa realizada no Benfica Campus, o treinador do Benfica teceu comentários sobre a atribuição do Galardão Cosme Damião na categoria Revelação Futebol a Diogo Gonçalves e revelou que Rafa não vai viajar para a Madeira.

Quais são as expectativas relativamente ao jogo desta terça-feira no reduto do Nacional?

A responsabilidade é sempre a maior. Temos de jogar sempre para ganhar e, quando temos objetivos traçados, essa responsabilidade é acrescida. Apesar de faltarem três jornadas e uma final da Taça de Portugal, a responsabilidade dos jogadores e do treinador do Benfica é sempre a mesma: ganhar! Não há outra forma de pensar. Sabemos que vamos jogar com um adversário que ainda sonha ficar na 1.ª Divisão, e nós ainda podemos sonhar em chegar ao segundo lugar.

Que comentário faz à atribuição do Galardão Cosme Damião na categoria Revelação Futebol a Diogo Gonçalves? 

Fico feliz. É um menino formado no Clube. Começou aqui a sua carreira e soube aproveitar a oportunidade de fazer a pré-época connosco. A partir daí, vi que havia um jogador com capacidade e talento para poder desenvolver aquilo que podíamos querer. Foi isso que aconteceu, hoje, na posição que ele ocupa. Mas ele também teve de fazer por isso. Por muito que os treinadores queiram, se os jogadores não tiverem talento e não quiserem apostar numa ideia conjunta com o treinador, não dá resultado. Ele quis apostar, tem talento para aquilo que faz e de certeza que está muito feliz.

Rafa saiu tocado no último jogo. Está em condições para defrontar o Nacional? Gonçalo Ramos não foi aposta na equipa B. Está a pensar lançá-lo neste encontro?

O Rafa já vinha, há pelo menos três jogos, a dar sinais de um problema que ele tinha num pé e que lhe tirou alguma capacidade de rendimento, dentro daquilo que ele vinha a fazer. O Rafa foi sempre um jogador com um patamar alto e nestes jogos vinha a baixar o rendimento. Chegou o momento de ter de parar e não vai para a Madeira. Não recuperou. Quanto às outras possibilidades de jogadores que neste Campeonato não foram tantas vezes titulares, a possibilidade de jogarem é a mesma porque estes três jogos que faltam não me fazem mudar as minhas ideias em função do que eram os objetivos do Benfica e do que ainda são.

Tem mesmo a convicção de que o 2.º lugar é uma possibilidade realista tendo em conta que faltam três jogos e está a quatro pontos do rival direto?

É por isso que eu digo ser um sonho. Tinha mais essa possibilidade realista se dependesse de mim. Como não depende, é um sonho. Por muito que eu, Benfica, ganhe, os outros também têm de ganhar ao nosso rival. É nessa perspetiva que digo que é um sonho.

Tendo em conta o investimento feito e considerando que o Benfica está a lutar pelo acesso direto à Liga dos Campeões, e ter apenas a possibilidade de vencer apenas a Taça de Portugal, considera que é uma época falhada?

Se me perguntassem no início da época se o meu sonho, em termos de projeto para o Benfica, era isto, nem nos meus sonhos ele existia. Neste momento, nunca vai ser uma época positiva, mas ainda há alguns objetivos para conquistar. Faltam quatro jogos que ainda podem dar alguns títulos ao Benfica. Não é o mais importante porque esse é o Campeonato Nacional. Sabendo que há outros rivais que não vão ganhar nada, não posso afirmar que será uma época falhada. As "culpas" dos meus jogadores e da estrutura do Benfica são muito reduzidas relativamente ao que possa acontecer no final da época.

Com o 3.º lugar garantido, devido ao último resultado do SC Braga, um objetivo é ganhar a Taça de Portugal. Outro dos objetivos passa por dar a Seferovic o prémio de melhor artilheiro da Liga NOS?

Restam-nos poucas coisas para conquistar. Essas duas que foram referidas estão corretas e são as que o grupo tem. O Seferovic está numa posição privilegiada e está dependente dele para ser o artilheiro deste Campeonato. Não jogou tantos desafios como titular, como é normal num artilheiro, mas é um jogador muito importante para a equipa e tenho a certeza de que o grupo o vai ajudar. Todas as situações que possamos privilegiar para ele poder fazer golo, como, por exemplo, as grandes penalidades, será uma decisão que teremos de tomar no momento. Ah, eu aqui equivoquei-me... Grandes penalidades ele nunca vai ter porque o Benfica não tem grandes penalidades...

As contas da época estão quase definidas. Foi preciso um trabalho de motivação extra para a abordagem aos próximos desafios?

A motivação dos atletas é feita pelos objetivos que ainda há para alcançar. O Benfica ainda tem o segundo título mais importante da calendarização portuguesa por disputar. Há vários indicadores para que os jogadores estejam sempre motivados para poderem trabalhar. Apesar da classificação, foi sempre um grupo apaixonado quando esteve bem e quando teve saúde para o fazer. Os jogadores do Benfica tiveram um comportamento que, independentemente de tudo, nunca vou esquecer.

Pode fazer uma avaliação sobre os últimos jogos de Svilar? Vê o jogador como um dos dois guarda-redes principais da próxima época?

O Svilar tem tido uma ação importante. É um guarda-redes que não se sente inferiorizado por ir trabalhar na equipa principal e jogar na equipa B. Ele é que me pede para jogar na equipa B. Isto é um indicador muito bom de que o jogador quer crescer e lutar por uma posição no Clube. Com ele, o Benfica tem três bons guarda-redes. Quando um treinador tem três bons guarda-redes fica mais complicado do que se ele fosse um jogador de campo. Se fosse defesa ou avançado haveria mais possibilidades de colocá-lo a jogar numa posição que não fosse só a dele. Neste caso é guarda-redes e só o posso colocar nessa posição. Mais que isso não posso fazer. É mais difícil os guarda-redes competirem com maior facilidade do que atletas de outras posições, mas, volto a frisar, o Benfica tem três bons guarda-redes.

No final do Clássico, Jorge Jesus e alguns jogadores, mais concretamente Otamendi e Grimaldo, teceram algumas críticas à arbitragem. A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) pondera avançar com uma queixa. Como vê esta situação?

Vou responder de duas maneiras. Primeiro, sabem que sou um defensor de que os árbitros devem ter autoridade dentro do campo sobre aquilo que é o jogo e não só. Outra coisa é querer ter autoridade de ter uma opinião diferente daquilo que aconteceu no jogo. E se aquilo que aconteceu no jogo for a "julgamento", eu nunca posso ser julgado. Quem tem de ser julgada é a APAF porque o que eu digo é verdade. Como o que eu digo é verdade, creio que não vou ter, nem mereço, castigo. A APAF tem de se preocupar com os problemas da arbitragem portuguesa. E os problemas não são se os treinadores dizem que estão ou não de acordo. Isso faz parte de um país democrático. Isso demonstra alguma falta de conhecimento e uma preocupação com coisas que não têm nada a ver com a valorização da arbitragem portuguesa. Estava mais interessado que as pessoas que estão na APAF pensassem o que é o futebol. Pensassem no que se pode fazer para mudar o futebol, como, por exemplo, o VAR. O VAR tem de ser mudado. É verdade que não passa pela APAF, mas o VAR tem de ser mudado pelo bem do futuro do futebol. Eu tenho ideias para que o VAR continue a ajudar o futebol, mas tem de ser mudado.

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