Jorge Jesus: "Confiantes que teremos uma equipa com condições para vencer"

 

Ainda que em condições adversas, dados os 10 casos de COVID-19 na equipa do Benfica, Jorge Jesus acredita que o plantel que entrar em campo (segunda-feira, às 17h00) terá todas as condições para superar o CD Nacional no jogo da 15.ª jornada da Liga NOS. 

Na habitual Conferência de Imprensa de antevisão, realizada no Benfica Campus, o técnico encarnado garantiu que – com Odysseas e Helton Leite fora das opções, por terem testado positivo à COVID-19 –, o Benfica vai a jogo com Svilar na baliza, guarda-redes em quem deposita total confiança.

O que é que um treinador pode esperar e como pode mobilizar um plantel, tendo em conta que lhe faltam, neste momento, dez jogadores e também a sua equipa técnica?

Temos de trabalhar com os jogadores que temos. Acreditamos em todas as possibilidades e qualidades dos jogadores, sabemos que dez jogadores é muito e incluo também a minha equipa técnica, que me suporta no meu trabalho, mas estamos muito confiantes na mesma. Os jogadores que vão jogar têm de dar o melhor de si, por eles e pelos colegas que estão em casa. Esperamos que o Benfica consiga, dentro do possível, manter um ritmo alto e competitivo de forma a responder às dificuldades que o Nacional possa colocar, e apresentar soluções para criar situações de finalização de golo, com a qualidade coletiva da nossa equipa e a qualidade individual dos nossos avançados.

"Que o Benfica consiga manter um ritmo alto e competitivo"

Acha que o futebol está a dar o exemplo correto ao manter a competição, tendo em conta que há 200 mortes por COVID-19 por dia?

Se eu tivesse a certeza que o futebol parava e a partir daí a pandemia ficava controlada, era da opinião que o futebol devia parar já. Mas não é por o futebol estar em competição que tem havido tantos casos de COVID-19. Não é nada fácil ter uma opinião em relação a essa pergunta... Mas, se eu tivesse a certeza absoluta de que a pandemia parava assim que o futebol parasse, não era hoje, era ontem. Não é por aí... Temos é de ter cada vez mais cuidados.

Como tem sido trabalhar com grupos separados?

Como é óbvio é complicado... Não temos mais de metade do plantel porque temos de trabalhar alguns dias em grupos separados. As ideias que transportamos para a equipa não são iguais, mas também há dias em que temos de separar o treino por setores e isso em alguns dias pode favorecê-los… Para trabalharmos por setores precisamos de ter uma equipa técnica que nos ajude e é isso que temos feito com os elementos que fomos buscar à equipa B, que nos têm ajudado a criar as melhores condições de trabalho e cada vez mais estamos a adaptar-nos uns aos outros. É dentro desse princípio que temos a confiança que amanhã [segunda-feira] teremos uma equipa com condições para poder vencer o Nacional.

Acha que, dos "três grandes", o Benfica tem sido o mais prejudicado pelos casos de COVID-19 no plantel?

Não é preciso eu achar... Toda a gente percebe que o Benfica teve um surto, com o campeonato em andamento, muito complicado. O Benfica, neste momento, é a equipa que mais jogos tem. Eu, como treinador, em 30 anos de carreira, nunca me tinha acontecido trabalhar três defesas novas. Comecei com uma linha de quatro, tive de ir para outra linha de quatro e agora já estou com outra, que nunca jogou junta. Nunca me tinha acontecido isto na minha vida. Mas a realidade é esta e temos de nos adaptar a ela. Temos de fazer das fraquezas forças. Se o Benfica passar esta tempestade, vai ser difícil segurar o Benfica no futuro. Mas esta tempestade não é só um jogo, são três ou quatro jogos.

Com 10 casos ativos no plantel, nomeadamente dois guarda-redes, ponderam pedir o adiamento do jogo de amanhã [segunda-feira]?

Temos mais um guarda-redes que está em condições. Acreditamos muito no Svilar. Temos andado em jogo com este sofrimento todo, sem estar com desculpas. Não é a mim que me compete tomar essas decisões, a mim compete-me trabalhar a equipa com os jogadores que tenho. Tenho de ter pelo menos onze. Tenho mais do que onze. É com esses que tenho de ir para a luta e para a frente e é isso que vamos fazer.

"Acreditamos muito no Svilar"

Pensa manter o esquema de três centrais?

Foi um jogo com uma estratégia diferente. Achámos que podíamos surpreender o SC Braga, e surpreendemos durante a primeira parte. Jogámos com uma linha de quatro que nunca tinha jogado junta. Soubemos no próprio dia que dois/três jogadores tinham COVID-19 e entendemos que a melhor solução não era deixar dois laterais que nunca tinham jogado com dois centrais que também nunca tinham jogado juntos. Esse é um sistema que o Benfica vai voltar a utilizar.

Torna-se difícil pensar num onze base nestas circunstâncias?

Claro que se torna difícil. Ontem, por exemplo, a equipa que tinha na cabeça era uma, mas depois do teste, já teve de ser outra. Dois jogadores vão ficar de fora: o Odysseas e o Everton. Isto é uma incerteza… Podemos pensar num primeiro onze, mas no dia seguinte ficamos sem um ou dois jogadores. Isto é uma novidade para todos nós… Uma coisa é termos um problema de COVID-19 com um ou dois jogadores, outra é termos 10. São coisas completamente diferentes e nenhum treinador estava habituado. Agora é que começamos a estar e isto é impotente, não tenho força para reverter seja o que for. Tenho de contar com os jogadores que estão em condições e é com estes jogadores que eu vou à luta. De resto, não posso fazer nada.

Como analisa a evolução do Svilar e que futuro vê nele? Dá garantias no imediato?

Já disse que o Helton e o Odysseas são dois excelentes guarda-redes. Temos andado a preparar o Svilar... Anda a jogar na equipa B, tem muita qualidade e temos a segurança total para o jogo de amanhã [segunda-feira]. Tenho a certeza que não é por causa dele que amanhã as coisas nos possam correr mal. Tenho a certeza absoluta disso. Temos a máxima confiança nele e ele vai demonstrar amanhã todo o seu valor.

Que aspetos e características tem trabalhado mais com Darwin?

Não tenho trabalhado tantas coisas com ele como eu gostava. Não tem havido muito tempo para trabalhar os jogadores de forma individual. Temos jogado de dois em dois ou de três em três dias... Todos esses treinos específicos, individuais e coletivos, podemos fazê-los na teoria, falando com os jogadores, mas na prática não temos tempo para os fazer. O Darwin é um jovem que ainda tem muito a aprender, é um jogador que ainda não conhece muito o que são os momentos do jogo quando a equipa tem bola e quando não tem, mas isso faz parte do crescimento de todos. Mas só podemos ajudá-los a crescer quando os trabalhamos especificamente, e, neste momento, não temos tido tempo para fazer isso seja com que atleta for.

"Vamos passar esta tempestade e vamos ficar muito fortes"

Tendo a maior parte do plantel já infetado – e assumindo que isso confere um período de três a quatro meses de imunidade –, acredita que, se o Benfica conseguir ultrapassar esta crise sanitária, com tudo em aberto nas contas do título, ganha vantagem para enfrentar a segunda metade da época?

Temos estado a sofrer e vamos continuar a sofrer em relação a todo esse processo. Somos a equipa que se calhar vai criar imunidade de grupo mais rápido. Já sofremos tanto ao ficar com tantos jogadores de fora... Acho que vamos passar esta tempestade e, quando a ultrapassarmos, vamos ficar muito fortes.

Para já, faz um balanço positivo ou negativo desta temporada 2020/21?

Não posso fazer nenhum balanço neste momento, só posso fazer balanço quando acabar a calendarização das competições em Portugal. Agora, neste momento, ainda vai a meio... Como é que eu posso fazer uma avaliação? Aqui não há vencedores de inverno. Os vencedores só acontecem no final do campeonato, por isso, só no fim é que podemos fazer comparação da época.

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