Entrevista A Bola “O Clube está acima de tudo”

O último dia do ano fica marcado por uma extensa entrevista de Luís Filipe Vieira ao Jornal A Bola. São oito páginas onde o presidente do Clube aborda as mais diversas temáticas da atualidade sempre de forma frontal e esclarecedora, como é do seu timbre.

Os direitos televisivos são um dos temas em destaque e para Luís Filipe Vieira as contas são fáceis de fazer e não há comparação possível no que toca aos contratos firmados.

“Não se pode comparar o incomparável. O nosso contrato não inclui patrocínios nem nas camisolas nem no Estádio. As contas são fáceis de fazer. Relevante é perceber quanto é que cada clube vai receber por ano em direitos televisivos, canal TV e publicidade nas camisolas e estádio. O Benfica liderou o processo dos direitos televisivos e em janeiro estaremos de novo sentados com a NOS, algo que está contemplado no acordo a que chegámos”, explicou.

“Se formos pacientes os resultados vão aparecer”

Olhando para a atualidade do Clube e para o seu Universo, Luís Filipe Vieira reitera a importância da união, revelando que “dentro do Benfica trabalhamos em equipa, de forma colegial, mas o responsável sou sempre eu”.

Entrando na temática Futebol, o presidente elogia o trabalho de Rui Vitória, um treinador que “apostou e ganhou jovens que hoje já não são promessas, mas certezas, do Benfica e do Futebol português”. 

“Há sempre espaço para melhorar e Rui Vitória é o primeiro a saber isso. Houve mudanças, temos de ser exigentes e também pacientes… houve uma mudança muito grande de paradigma e temos de apoiar a equipa sempre, principalmente nos momentos em que as coisas não estão a correr bem. Ser paciente é uma virtude e se formos pacientes os resultados vão aparecer”, argumentou.

Luís Filipe Vieira considera que a distância para a liderança é “recuperável”, e sem querer entrar pela via da crítica ou desculpabilização, aponta algumas “culpas próprias” para a perca de pontos, “a falta de estrelinha que tem acompanhado os rivais” e a arbitragem que “entre golos mal anulados e penáltis por assinalar, erros com influência direta nos resultados, temos sido os mais prejudicados”, revelando que “só quero que os árbitros façam bem o seu trabalho”.

“O tempo vai ser o melhor juiz do que se passou”

Não se escusando a comentar algumas situações mais polémicas, Luís Filipe Vieira aborda ainda a saída de Jorge Jesus.

“Jorge Jesus seguiu o seu caminho e fez a opção que entendeu fazer. Acho que é um capítulo que devemos fechar. O tempo vai ser o melhor juiz do que se passou. Fomos à procura de um treinador depois de sabermos pela comunicação social da opção de Jorge Jesus. Só tive a confirmação já de madrugada e por sms. Quando são os interesses do Clube a estar em causa, sou o primeiro a assumir a sua defesa. O Clube está acima de tudo”, afirmou taxativamente.

No que toca às muitas e variadas afirmações de Bruno de Carvalho tendo como alvo o Benfica, Luís Filipe Vieira esclarece: “O Sporting, enquanto clube e instituição centenária merece-me todo o respeito e gostava que não ficasse nenhuma dúvida em relação a isso. Mas é verdade que o Sporting terá de responder pelos atos do seu atual presidente, pelas acusações repetidas que puseram em causa o bom nome e a reputação do Benfica. Creio que o Sporting vai pagar pela irresponsabilidade das afirmações de Bruno de Carvalho. Bruno de Carvalho foi longe de mais e o Benfica não vai dar a outra face. Vamos ver os custos que isso vai ter para o Sporting”.

“Nunca incumprimos com nenhuma das nossas obrigações”

Entrando no capítulo das contas do SL Benfica, Luís Filipe Vieira revela que “há dois anos que o Benfica não vai à banca buscar um tostão, há dois anos que vivemos das nossas receitas e ainda assim conseguimos amortizar passivo”, acrescentando que “nunca incumprimos com nenhuma das nossas obrigações”.

“O ativo da Benfica SAD é de 445,6 milhões e o passivo de 432,2. Os capitais próprios são de 13,4 milhões de euros. A dívida bancária é de 309,6 milhões de euros, o passivo exigível é de 80,3 milhões e o passivo não exigível é de 42,3 milhões. À medida que se forem vencendo as responsabilidades que o Benfica tem com o sistema financeiro, vamos liquidá-las”, explicou detalhadamente.

“No Benfica o trabalho nunca se completa”

As eleições do SL Benfica estão marcadas para outubro de 2016… “A seu tempo tomarei a decisão. Há, nesta altura, muitas outras preocupações. Falta praticamente um ano, chegará o momento de falarmos sobre isso, para já é muito cedo”, afirmou.

“Há sempre novas coisas para fazer. No Benfica o trabalho nunca se completa. Mas há uma coisa que posso garantir: o trabalho que já fizemos é uma certeza e uma evidência de consolidação a todos os níveis. (…) Sinto que continuo a ter condições e projetos para fazer continuar a crescer o Clube, quando isso não acontecer serei o primeiro a dizer que é tempo de parar”, revelou o presidente.

Num último olhar sobre 2015… “Só posso fazer um balanço muito positivo, não apenas pelo Bicampeonato, mas por todas as outras conquistas no Futebol, nas Modalidades, na Formação, pelo reconhecimento internacional de que cada vez mais o Benfica é alvo, pelo crescimento visível dos jovens do Caixa Futebol Campus, sem esquecer a valorização recorde dos nossos direitos televisivos”, recordou.

“Ninguém constrói nada sozinho”

A finalizar, uma mensagem aos Benfiquistas já com os olhos postos em 2016.

“Uma mensagem de otimismo. Basta pensar qual foi o nosso ponto de partida e onde nos encontramos hoje. Ninguém constrói nada sozinho, muito menos num Clube com a dimensão do Benfica. Se conseguimos chegar aqui foi porque houve união entre os benfiquistas, foi porque todos nos ajudaram a chegar aqui. Continuem a ser como são. Exigentes, evidentemente, mas também pacientes e sempre presentes quando em algum momento as coisas não estiverem a sair bem. Todos têm de perceber que os primeiros que desejam que as coisas corram bem são os jogadores em campo. É essa a mensagem que quero deixar, uma mensagem de otimismo, exigência e de união entre todos”, concluiu Luís Filipe Vieira.

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