"Na 2.ª parte fomos mais fortes, fomos dominadores"
Areação do Benfica ao golo inaugural da partida da 13.ª jornada da Liga Betclic com o Sporting (1-1), disputada nesta sexta-feira, 5 de dezembro, no Estádio da Luz, foi relevada por José Mourinho na sua análise do jogo.
Em declarações à BTV, na entrevista rápida, o treinador assumiu que as águias seriam justas vencedoras essencialmente pelo desempenho na 2.ª metade. Porém, reconheceu que o dérbi não teve o início esperado.
"Começámos mal, começámos de um modo, não quero dizer que me enraiveceu, porque é demasiado duro, mas que me chateou sobremaneira, porque no trabalho que fizemos nesta semana, na nossa construção a partir do guarda-redes, havia regras de não fazermos. Isto não fazemos. Foi exatamente o que nós fizemos no golo, foi exatamente aquilo que nós fizemos mais uma ou duas vezes e que nos intranquilizou naquela parte inicial", afirmou, numa ideia também partilhada posteriormente em conferência de imprensa.
Para José Mourinho, a equipa reagiu de forma "emocional", "uma reação de orgulho", de quem "quis ir à procura do resultado". "Mas onde nós jogámos verdadeiramente bem, onde nós dominámos o nosso adversário foi na 2.ª parte, onde só uma equipa é que podia ganhar", disse.
Por isso, no entender do técnico encarnado, em face do que se passou na etapa complementar, o vencedor justo seria o Benfica. "Acho que a ganhar alguém, teríamos de ser nós a ganhar", referiu, acrescentando que a expulsão de Prestianni condicionou. "Obviamente que com uma equipa cansada e com um jogador a menos, fomos obrigados a adaptarmo-nos à situação, e o Ivanovic, que tinha entrado para ser ponta de rotura, um ponta de profundidade, acaba por ter de jogar sobre a esquerda", detalhou. Recusando falar de fragilidades do rival, admitiu que o Benfica tentou "explorar algumas das situações possíveis de explorar". "Acho que eles tiveram muito respeito por nós", observou, considerando que "Fresneda acompanhou sempre os movimentos de Sudakov". "E o Geny, que é um jogador extraordinariamente perigoso, praticamente jogou como quinto defesa. Em determinados momentos parecia o Sporting de há dois anos, a jogar com uma linha defensiva de cinco, mas são estratégias, é o Rui [Borges], é a sua cabeça, é a sua interpretação e todo o respeito por isso", sublinhou.
Apesar da divisão de pontos, o treinador mostrou-se "satisfeito" com a entrega e com a atitude coletiva. "Em jogos desta natureza, dérbis, clássicos, jogos decisivos, é knockout. Tu entras e sofres um golo. Normalmente, às vezes, é difícil de recuperar emocionalmente e recuperar a posição no jogo. A equipa conseguiu isso mesmo", vincou. Todavia, houve momentos em que não foi possível explorar o plano traçado. "Depois também apanhámos situações em que o Dedic estava em dificuldade, mas não havia outro. O Enzo [Barrenechea] também em grandes dificuldades. Eu sabia que o Manu não tinha minutos para dar a uma intensidade destas, só o meti quando fui verdadeiramente obrigado a meter", explicitou, reiterando que Ivanovic foi lançado para procurar "muita profundidade". "A expulsão do miúdo [Prestianni] acaba por matar o que nós tínhamos preparado para tentar atacar o espaço nos últimos minutos."
REAGIR E Dominar "[Duas partes distintas?] A partir dos 30 [minutos], concordo. Duas partes é sermos demasiado simpáticos com o Sporting e um bocadinho antipáticos com os nossos... Acho que começámos mal, e por nós começarmos mal, o Sporting, consequentemente, começou bem. Marcámos um autogolo. O golo de Pedro Gonçalves é um autogolo. Um autogolo que me chateia sobremaneira porque, como sempre, trabalhámos a construção, fazemos a construção de maneiras diferentes consoante o adversário e o modo como o adversário pressiona. E, no nosso trabalho, havia uma regra que era nada de triângulos em zona baixa, nada de triângulos entre o guarda-redes e o médio. Martelámos muito sobre isto, trabalhámos as outras maneiras de construir... O primeiro pontapé de baliza que tivemos, autogolo. E depois, obviamente, que há ali um período em que estamos mal, em que perdemos muita bola, onde a equipa estava a sentir a pressão do resultado e do mau início e voltámos a perder mais algumas bolas em zona baixa. Depois, há uma boa reação, há o golo, e os últimos 10/15 minutos da 1.ª parte são um bocadinho já o preâmbulo daquilo que ia ser a 2.ª. Na 2.ª parte fomos mais fortes, fomos dominadores, não tivemos uma única situação de perigo na nossa área. Se não me engano, tivemos um único pontapé de canto já ao minuto 90 e qualquer coisa. Dominámos. Obviamente que num jogo desta dimensão, contra um adversário tão bom como o Sporting, não íamos ter 5, 6 ou 7 oportunidades gigantes de golo. Mas na bola parada em que o [Richard] Ríos cabeceia de fora para dentro, normalmente dentro, faz-se golo, e foi o Luis Suárez que tirou; depois, o remate do Ríos, de pé esquerdo, na diagonal em que eu estou, a bola parece que vai dentro, e depois faz a curva para fora; temos mais outro do Aursnes; temos algumas recuperações com transições perigosas. Na 2.ª parte fomos francamente melhores. Depois, quando entra o Ivanovic, é para esticar um bocadinho, para ir à procura de profundidade, fresco. E depois ficamos com um jogador a menos, e, com um jogador a menos, obviamente que o jogo, nos últimos 6 ou 7 minutos que o árbitro deu, já teve outro cariz."
APLICAR PRESSÃO E INTENSIDADE" [Pressão fulcral para dominar mais?] Acho que sim. Nós, na parte final da 1.ª parte, já estávamos a interpretar um bocadinho melhor. Quando faltavam 10 minutos para o fim da 1.ª parte, pedi ao meu analista que fosse ao balneário e que me preparasse duas ou três imagens que eu tinha selecionado durante a 1.ª parte. Mostrámos aos jogadores como é que tínhamos de ajustar a pressão, e acho que sim, acho que eles interpretaram bem. Depois, quando tens gente como o Barreiro, como o [Richard] Ríos, que é gente muito forte na pressão, que são jogadores com intensidade, nós controlámos bem ali naquela zona."
ACALMAR E RECUPERAR
"[Explicação para o início de jogo] A questão, e eu já lhes pus essa questão, é por que razão é que eu tinha posto como regra fundamental não o fazer, por que razão é que o fizeram. Depois a tremideira, depois tudo o resto é uma consequência, porque eles sabem que erraram. O guarda-redes sabe que errou, o Enzo [Barrenechea] sabe que errou, o António [Silva] sabe que errou, não foi só na construção do golo do Sporting, mas houve depois mais uma ou duas muito, muito parecidas. E obviamente que depois tu também sentes, em algum momento, quem está lá dentro sente um bocadinho a reação do público, que percebe que as coisas não estão a correr bem. E houve, sim, alguma intranquilidade ali, e eles depois acalmaram. Obviamente que o golo do empate volta a pôr as coisas no patamar zero, e, também no patamar zero emocional, eles depois já se recompuseram. Na 2.ª parte, foi tudo com muito mais confiança. Também não tivemos nenhum pontapé de baliza, porque o Sporting não fez nenhum remate à baliza, mas jogámos, não quero dizer no meio-campo adversário, mas pelo menos em 2 terços de campo, e o Trubin não toca na bola."
LUTA PELO TÍTULO DE CAMPEÃO SEM SAIR Beliscada [Aspirações do título de campeão em risco?] Não. O Rui [Borges] normalmente é supercorreto nas análises que faz. É difícil para um treinador dizer que o adversário foi mais forte e que merecia ganhar, mas também aceito que ele tenha dito que o resultado se aceita, porque o Sporting é uma boa equipa que teve dificuldades, mas que nunca perdeu a sua estabilidade. Tem um banco fortíssimo que faz modificações que tentam mudar o cariz do jogo. Você viu, por exemplo, que quando tenho o Enzo [Barrenechea] com cãibras, e que tem de sair, entrou o Manu, que claramente evidenciou as dificuldades que ainda tem neste momento. O Sporting fez o jogo que conseguiu fazer contra nós. Não acho que eles tenham vindo aqui para empatar, honestamente não acho. Acho que foram condicionados, e que depois saem com o empate que lhes satisfaz. Mas não penso que eles tenham vindo aqui jogar para o empate, não penso de todo. Eu considero-me na luta. Pode ser uma luta desigual, mas considero-me na luta. Estamos a 3 pontos do Sporting, estamos a 5 do FC Porto com um jogo a mais, que se pode transformar em 6, 8 ou continuar em 5. Mesmo que sejam 8, considero que a equipa está cada vez melhor. A equipa tem as suas limitações, mas vai crescendo e vai tentando esconder as suas limitações. Mas a equipa é uma equipa, joga como equipa, interpreta o jogo como equipa, sabe afrontar as dificuldades e os momentos maus como equipa. E fundamentalmente acho que nesta semana parecia que o Sporting vinha aqui, e não digo isto com desrespeito pelo Sporting, de todo, que o Sporting foi extremamente correto na maneira como falou e como se apresentou, mas parecia que menos de 5 era bom para nós. Parecia que éramos uma equipa de coitadinhos, parecia que a segunda equipa do Sporting vinha aqui à Luz e ganhava fácil. Enfim, não foi assim. A nossa equipa tem as suas limitações, sim, mas é uma equipa séria, é uma equipa que cresce."
A SITUAÇÃO DE RODRIGO RÊGO
"Rodrigo Rêgo passou de andar escondido nos Sub-23 e na equipa B e de nunca ser chamado a uma seleção nacional, de ter 0 internacionalizações, a numa semana jogar no Benfica na Champions League, na Taça de Portugal e no Campeonato Nacional. Essa é a trajetória do Rodrigo Rêgo que merece ser realçada."
IMPACTO PARA A Champions "Não, não penso que tenha impacto. Se o Sporting era uma equipa difícil, o Nápoles também é uma equipa muito difícil, com um treinador que eu conheço bem e que é um grande treinador, um grande estratega, que prepara as suas equipas muito bem. Será seguramente um jogo difícil para nós, mas não vejo como é que o jogo de hoje possa ter algum impacto. Se pode ter algum impacto, será o impacto da positividade, o impacto de uma equipa que mesmo em situação difícil consegue sair dela e consegue entrar no jogo, e depois consegue dominar o jogo e partir de uma situação de desvantagem e chegar quase à vitória. Penso que só podem sair coisas positivas deste jogo e nenhuma negativa."
AS SUBSTITUIÇÕES NA HORA Certa "O treinador sou eu. Sou eu que decido. Sou eu que leio o jogo. Sou eu que tomo decisões. E estou absolutamente convencido... Não posso fazer aqui o idiota e dizer que ia ganhar o jogo se estivesse 11 contra 11 até ao fim. Não vou fazer o idiota porque a minha missão é mais difícil do que as dos comentadores que fazem sempre o fenómeno. Eu, infelizmente, não posso fazer sempre o fenómeno. Estou convencido de que as substituições foram feitas no momento certo para serem feitas. Estou convencido de que o Prestianni entra quando o Fresneda já está com alguma dificuldade, e que já está com o cartão amarelo, e leva depois com um jogador de um contra um... Nós pensávamos ser dominadores na parte final. Entra o Ivanovic, que é um jogador de profundidade. É um jogador que não tem qualidades para baixar. Não tem qualidades para jogar bola no pé. Não tem qualidade para ligar o jogo como o Pavlidis tem, mas depois tem qualidade para atacar espaço. E nesta parte final do jogo era aquilo que nós tínhamos preparado para fazer. Repito, não quero ser idiota e dizer que nós íamos ganhar, mas fiz as substituições certas na hora certa, sem perder nunca o equilíbrio da equipa, porque era importante não perder o equilíbrio. E é uma coisa que às vezes as pessoas têm uma certa tendência a errar na maneira como olham para a coisa. Quando a equipa está bem, quando a equipa está superior, quando a equipa é aquela que está mais perto de ganhar, quando um treinador anjinho é pressionado por ideias como a sua, ou de alguém que lhe telefonou a dizer para você me fazer essa pergunta, às vezes estraga aquilo que está bem. E é preciso ter tranquilidade, saber estar com tranquilidade no jogo, ler as coisas bem e fazer aquilo que o treinador acha que é a coisa correta a fazer."
UM JOGO BOM, COMPETITIVO"[Ranking dos dérbis que disputou em termos de qualidade] Ui, não sei quantos é que joguei, se calhar joguei 100 ou 200, não faço ideia. Não sei. Em Inglaterra era dérbi todos os fins de semana, não é? Chelsea-Tottenham, Chelsea-Arsenal, Chelsea-Fulham, no Chelsea era sempre dérbi. No Inter também fiz uns tantos. Em Madrid outros tantos. Não sei, não sei. Acho que foi um bom jogo. Qualidade, qualidade, coisas maravilhosas, golos maravilhosos, não, não houve assim nada de mágico, mas acho que foi um jogo bom, um jogo competitivo, um jogo com um árbitro que cometeu poucos erros, na minha opinião. Erros decisivos no jogo nem os cometeu. Cometeu erros, na minha opinião, no critério dos cartões amarelos, e não falo do Prestianni, porque é capaz de ser mesmo cartão vermelho. O critério dos amarelos... mas era uma coisa que eu já estava à espera porque há um jogador do Sporting que é intocável. Manda no jogo, faz as faltas que quer, puxa adversários, é intocável, e mais uma vez sai do jogo sem um único cartão amarelo. Relativamente a esse jogador do Sporting é que há uma dualidade de critérios muito grande. Mas o árbitro esteve bem, eu já brinquei inclusive com ele a dizer-lhe que amanhã [sábado] pode sair à rua que nem sportinguistas, nem Benfiquistas o vão chatear."
UM SPORTING "SÉRIO" E "RESPEITOSO" "[Favoritismo atribuído ao Sporting provocou revolta e ajudou a equipa a transcender-se?] Não, como eu dizia, o Sporting foi sério, o Sporting foi lúcido, o Sporting sabia que não ia ser fácil. Não houve nenhum jogador do Sporting, não houve nenhuma intervenção do Rui com língua grande a dizer que vinham aqui passear e levar os 3 pontos com tranquilidade. O Sporting foi respeitoso, o Sporting foi um bom adversário. Depois é como eu dizia ao seu colega anteriormente, uma coisa é jogar e outra coisa é comentar quem joga, outra coisa é treinar e decidir, e outra coisa é comentar quem treina e quem decide. E, muito honestamente, comentar é fácil. Eu, se fosse comentador, também ia ser um bom comentador, com um bocadinho mais de respeito por jogadores, por treinadores, mas eu acho que também podia ser um bom comentador sem ser desrespeitoso. E, às vezes, até um bocadinho... é melhor eu não adjetivar. Ficamos por aqui."
UMA FALTA PARA TRAVAR Contra-ataque "[Os cartões exibidos a Prestianni] Dos outros cartões, não sei se foram já comigo aqui ou não, se foram não me lembro, o cartão de hoje é um cartão importante. É uma ação importante num jogo importante. Se você se recordar, nós perdemos aqui 2 pontos contra o Rio Ave porque não fizemos uma falta na última jogada do jogo e numa transição. A mesma coisa contra o Casa Pia, e num jogo contra grandes jogadores, num jogo contra uma equipa fresca, porque o Sporting depois mete Quenda, Alisson, Ioannidis, mete aquela rapaziada toda fresca, e um jogo que o Benfica está quase a ganhar, não o pode perder. E numa situação de contra-ataque daquelas, o Prestianni faz a falta, não com a intenção de magoar, não com a intenção, obviamente, de levar o vermelho, com a intenção de fazer uma falta que parasse um contra-ataque. O capitão do Sporting, por exemplo, na 1.ª parte faz uma falta exatamente igual, a única diferença é que agarra, não lesiona, agarra com a mesma intenção, com a intenção de parar um contra-ataque. Portanto, este cartão não é o tipo de cartão que eu condeno no Prestianni. Os outros, se calhar, sim, mas este não."














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