"Esta Taça da Liga não é para brincar, é para jogar"
Sem facilitar, e consciente de que o Benfica entra em competição sempre para ganhar, José Mourinho vê na receção ao Tondela – jogo agendado para as 20h45 desta quarta-feira, 29 de outubro, para os quartos de final da Taça da Liga – o início de uma caminhada rumo à conquista de um troféu que ainda não possui no seu vasto currículo.
O treinador do Benfica, na conferência de imprensa, no Benfica Campus, revelou ainda que irá fazer "3 ou 4 alterações" na equipa, assegurou que Otamendi irá jogar e que Obrador "terá minutos".
O Tondela não vive o melhor momento da época, por exemplo, no Campeonato tem apenas 1 vitória em 9 jogos. Que ilações é que a equipa técnica tirou deste adversário dos quartos de final da Taça da Liga?
Taça é Taça. São competições, obviamente, diferentes, com cariz diferente, com maneira de pensar diferente também. É verdade que eles estão numa posição não fácil na tabela, mas, normalmente, as equipas promovidas, na época seguinte, até encontrarem a sua estabilidade, precisam de algum tempo para se adaptarem. Mas nós não queremos facilitar, nós queremos ir à final four. Temos este passo no nosso estádio. Ganhámos, e bem, e jogando bem, o último jogo no nosso estádio para o Campeonato, queremos tentar dar continuidade e ganhar o jogo. Bem sei que temos um jogo muito difícil e importante em Guimarães no sábado, mas preparámos-nos hoje – por isso é que vos pedi que saíssem... Preparámos-nos com um bom treino para tentar amanhã [quarta-feira] estar a um bom nível e poder ganhar o jogo.
Deixe-me recuperar aqui declarações suas, penso que da última noite, a uma gala do Corriere dello Sport, entrou por videochamada e justificou a sua ausência, e passo a citar numa tradução livre: "Felizmente para mim, um dos clubes mais importantes do mundo, que bateu um recorde mundial com 85 mil pessoas a votar para escolher o Presidente, deu-me a felicidade de voltar ao futebol por esta porta gigante." Quer detalhar mais esta sua afirmação? Explicar, no fundo, também o seu sentimento. Como sabe, eu saí do Fenerbahçe. Quando saí, não estava à espera de regressar tão rapidamente. Queria, obviamente que queria, mas não estava à espera de regressar tão rapidamente. Queria ser muito seletivo na minha escolha, tinha-me preparado psicologicamente para dizer muitas vezes "Não, não quero, não aceito", porque queria aceitar alguma coisa que eu sentisse que era verdadeiramente uma motivação, uma responsabilidade. Por isso é que eu disse que, quando o Benfica apareceu, eu fui tão rápido a dizer "Sim". Eu tinha confirmado ao Corriere dello Sport que ia estar presente na gala. Foi a maneira de estar sem estar, e foi a maneira também de expressar o meu orgulho por ser treinador do Benfica. Aquele processo eleitoral tem tido um impacto extraordinário fora, principalmente na comunidade futebolística. Não é que eu sigo muito nem redes sociais, nem comunicação social, mas os meus contactos no futebol, como deve compreender, são muitos. Foi um impacto extraordinário, e eu aproveitei a oportunidade, por um lado, para vincar o meu orgulho de estar aqui, e, por outro lado, se eu posso ser também um veículo de promoção, de projeção do Sport Lisboa e Benfica, também o faço com o maior orgulho.
"Ganhámos, e bem, e jogando bem, o último jogo no nosso estádio para o Campeonato, queremos tentar dar continuidade e ganhar o jogo" José Mourinho
Otamendi marcou no jogo com o Arouca e passou a ser o jogador mais velho a marcar com a camisola do Benfica; é também o capitão da equipa, titular habitual, para não dizer indiscutível. Sabendo que Otamendi está em fim de contrato e vai ter 38 anos quando lá chegar, vai tentar que ele renove, tanto falando com ele como junto da SAD do Benfica?
Eu acho que, com os jogadores de futebol, uma coisa é a idade real e outra coisa é aquilo que nós vemos em campo, e no meu caso, enquanto treinador, não é só aquilo que eu vejo em campo em jogo, mas aquilo que eu vejo também em campo em treino. Há jovens de 20 anos que são jogadores velhos, e há velhos, e espero que eles não se ofendam, que eu sou mais velho do que eles, mas há velhos de 38 e de 40 [anos] que são jovens jogadores de futebol. O Nico [Otamendi] é jovem. Para vocês perceberem também um pouco a minha relação com ele e ao nível que está a nossa comunicação, eu perguntei-lhe muito objetivamente e disse-lhe muito objetivamente: temos Guimarães [jogo com o Vitória SC, para o Campeonato] e temos [Bayer] Leverkusen [para a Liga dos Campeões], o que fazemos amanhã [nesta quarta-feira, 29 de outubro]? E ele disse-me: "Temos Guimarães, temos Leverkusen e temos Tondela." Joga, é um jogador importantíssimo para nós. Questões contratuais e questões de futuro, obviamente, temos gente num plano muito superior ao meu para decidir. Perguntas que me façam, eu cá estou para as responder.
Duas perguntas, uma muito rápida: vai fazer muitas alterações tendo em conta o calendário apertado que tem?
Poucas, poucas. Poucas, algumas. Poucas, algumas. Não mudo 11, nem mudo 10, nem 9, nem 8, nem 7, mas mudo alguma coisa.
E a outra é, olhando para aquilo que disse, que o Benfica iria ter em janeiro um ou dois jogadores para ajudar, queria perguntar-lhe qual é o perfil desse jogador que quer, e se é obrigatório ir ao mercado, de facto, buscar esses jogadores, independentemente do presidente que o Benfica venha a ter.
Eu não disse que iríamos ter, eu disse que, na minha opinião, como treinador, conhecendo agora melhor os jogadores, as qualidades, as limitações, quer ao nível individual, quer ao nível do plantel, disse, porque não queria que se criasse a perceção de que o Benfica precisava de 10 jogadores novos, 5 jogadores novos, eu disse que 1 ou 2 jogadores-chave, para limitações-chave, que muitas das vezes 1 ou 2 jogadores são o suficiente para dar um cariz, para dar um equilíbrio ao grupo e à equipa completamente diferentes. Eu não pedi jogadores a ninguém, ninguém me disse que me iam ser dados jogadores. Internamente, obviamente que abro, digamos, a minha análise, e que obviamente que falo sobre a minha visão, e falo sobre aquilo que eu acho que pode ser importante para melhorar, mas nada mais do que isso. Obviamente, não vou discutir convosco, a minha missão aqui não é estar a pedir jogadores, e pedir, e pedir, e pedir, a minha missão aqui é trabalhar com os jogadores que eu tenho, tentar melhorá-los individualmente, tentar melhorar a equipa também, e depois no mercado de janeiro, se a Direção nos puder ajudar, volto a repetir, com 1 ou 2 jogadores de um determinado perfil, para mim seria ótimo. A sua pergunta, que perfil, aí é que eu já me vou esconder um bocadinho.
"Há jovens de 20 anos que são jogadores velhos, e há velhos, e espero que eles não se ofendam, que eu sou mais velho do que eles, mas há velhos de 38 e de 40 [anos] que são jovens jogadores de futebol. O Nico [Otamendi] é jovem"Já se falou muito da sobrecarga de jogos. Faz sentido ainda esta competição, a Taça da Liga, nos moldes em que vai ser disputada? Já agora, porque falou também do impacto das eleições do Benfica lá fora, teve algum impacto no plantel? Como é que blindou o plantel com o ato eleitoral?
Acho que as eleições se sentem há tanto tempo, há meses que se sentem as eleições do Benfica. Acho que, ainda antes de eu chegar, já se sentia. Obviamente que se intensificou depois de eu chegar, neste último mês, mas era uma coisa que já se sentia, e era uma coisa com a qual os jogadores se foram, acho eu, habituando a estar, habituando a fazer o seu trabalho, um bocadinho isolados de alguns contextos que podiam prejudicar, mas eu acho, honestamente, que não prejudicaram. A equipa conseguiu... umas vezes com bons resultados no campo, outras vezes com resultados negativos, mas não considero que exista nenhuma relação entre os resultados negativos e o período eleitoral. Não penso, de todo. Eu habituei-me a jogar muitos jogos. Como sabe, estive muitos anos em Inglaterra, onde havia também Taça da Liga e onde havia FA Cup – no meu tempo, com empate e segundo jogo, algumas vezes passadas 24 horas. Habituei-me a tudo isto, na minha cabeça, também no meu corpo, que já não é jovem, mas eu também não preciso do meu corpo para jogar. Na minha cabeça, gosto de jogar, gosto de jogos, e não vou nunca contra nenhum tipo de competição. Se esta competição, depois, ao nível económico, significa alguma coisa para os clubes, isso não foi uma coisa que até agora me preocupou. Se calhar tem um impacto menor para os clubes maiores, se calhar tem um impacto maior para os clubes mais pequenos. Não faço a mínima ideia de como é que é a distribuição das receitas ou não, mas, ao menos, é uma competição que eu nunca... olhe, falo por mim, de um modo egoísta: é a única competição em Portugal que eu ainda não ganhei. Pode ser que consiga ganhar esta Taça da Liga. Depois, acho que o Benfica, a partir do momento em que entra numa competição, tem de respeitar a competição ao máximo, tem de respeitar a essência do Benfica. Eu diria mesmo: o Benfica, a jogar jogos particulares, não pode fazer borrada. Mesmo que sejam jogos particulares, não pode brincar muito ao futebol, portanto eu acho que esta Taça da Liga não é para brincar, é para jogar. Obviamente, como eu dizia anteriormente, tenho de descansar alguns jogadores. Não posso fazer jogar sempre os mesmos. Há jogadores, pela sua própria natureza, pelo seu historial clínico, que precisam de descansar, e eu vou respeitar a competição, mas respeitando também as outras competições, que são obviamente mais importantes, e respeitando os jogadores e o plantel. Portanto, eu amanhã vou fazer 3/4 alterações.
"O Benfica, a partir do momento em que entra numa competição, tem de respeitar a competição ao máximo, tem de respeitar a essência do Benfica. Eu diria mesmo: o Benfica, a jogar jogos particulares, não pode fazer borrada" Permita-me insistir um pouco na questão das eleições, porque, finda a 1.ª volta, Rui Costa venceu, até com um resultado próximo da maioria absoluta. Eu queria perguntar a José Mourinho se considera que os sócios do Benfica, com este resultado obtido, estão também, de certa forma, a mostrar que confiam no projeto desportivo que Rui Costa tem para o Clube, tal como José Mourinho confiou para aceitar este projeto, e se o seu regresso ao Benfica, de certa forma, também acabou por ter um impacto positivo, embora que indiretamente, na votação obtida por Rui Costa.
Não faço a mínima ideia. Quando eu vim para o Benfica, nem o Presidente Rui Costa, nem o diretor Mário Branco me tocaram no tema eleitoral. O único momento em que me tocaram no momento eleitoral foi sensibilizarem-me a aceitar um contrato que respeita as eleições, no sentido de uma hipotética nova Direção poder decidir que eu não era o treinador que eles queriam. A partir do momento em que eu aceitei essa situação ética, e eu diria importante ao nível eleitoral, para todos os 6 candidatos não terem muitos problemas relativamente a queremos este treinador ou não queremos este treinador, foi a única coisa onde me tocaram relativamente à campanha eleitoral. Só me falaram do Benfica, do futuro do Benfica, dos motivos pelos quais queriam que eu fosse o treinador do Benfica, e este toque ao nível contratual, que em situação normal de não eleições eu nunca aceitaria, mas que aceitei porque também eu queria ser ético relativamente às eleições, àquilo que as eleições significavam. De resto, nada.
"É importante que a equipa comece a encaixar, que o puzzle comece a solidificar" Manu Silva já está em condições de ir a jogo? Já pode somar alguns minutos?
Não.
Pareceu-me no jogo [frente ao Arouca], do ponto de onde estava no relvado, que na 1.ª parte houve algumas indicações sobre o posicionamento defensivo e a recuperação defensiva de Lukebakio. Pergunto-lhe: para a equipa do Benfica jogar como jogou no último jogo, com Pavlidis, com Prestianni, com Sudakov, com Lukebakio em simultâneo, é necessário que estes jogadores também cresçam e sejam mais comprometidos em todos os momentos do jogo com a equipa?
É verdade, é verdade. Relativamente ao Lukebakio, até brinquei com ele, porque lhe disse que ele... para ele não pensar que quando joga no lado oposto ao banco que está tranquilo, que eu não o vejo, porque eu vejo na mesma, e às vezes apareço aqui rouco exatamente por gritar muito. Portanto, ele não fica tranquilo mesmo quando joga no lado oposto. É verdade, as dinâmicas defensivas, principalmente quando se joga com muitos jogadores de cariz ofensivo, são importantes relativamente à disciplina e às funções de cada jogador. Era uma equipa ofensiva, Aursnes a lateral, com todos esses [jogadores] que você mencionou, é importante que a equipa trabalhe bem defensivamente, mas acho que demos também nesse jogo uma boa dinâmica ofensiva, boas ideias, que trouxemos do treino para o jogo. Hoje voltámos a trabalhar muito relativamente... hoje só trabalhámos a organização ofensiva, para lhe dizer a verdade. É importante que a equipa comece a encaixar, que o puzzle comece a solidificar.
Disse há uns tempos que não conhecia bem Obrador. Já trabalhou com ele agora algumas semanas. Qual é a avaliação que faz? Poderá ter amanhã [quarta-feira] os primeiros minutos de jogo sob o seu comando? E também disse recentemente que Joshua Wynder em breve poderia ir a jogo. Poderá ser uma surpresa frente ao Tondela? Não, o Joshua é uma pena, porque hoje teve um pequeno problema no treino. Quando são coisinhas pequenas a nível muscular, eu não gosto de arriscar. Se há lesões com as quais eu não me sinto confortável a arriscar, são pequenas coisas a nível muscular. O Joshua está fora. O Obrador é muito possível que tenha minutos, que jogue amanhã. É um rapaz que tem boas condições, que tem de maturar, tem de crescer até sob o ponto de vista mental, da autoconfiança, mas vai chegar, vai chegar. Não penso, de todo, que é um produto acabado. De todo. É um bom miúdo, um miúdo inteligente, um miúdo que se vê que a cada feedback absorve e procura melhorar. Eu acho que ele vai melhorar e vai chegar a um nível bom para nós. Neste momento tem um caminho ainda a percorrer, mas nós estamos aqui para percorrer esse caminho com ele.














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