"A nossa energia e a dos adeptos vão ser determinantes"
Satisfeito com a resposta que a equipa do Benfica tem dado, o treinador Bruno Lage acredita que a mesma voltará a apresentar-se "bem" na receção ao Famalicão, nesta sexta-feira, 17 de janeiro, às 20h15, em duelo referente à 18.ª jornada da Liga Betclic.
A convicção do técnico do Benfica resulta da forma como o coletivo "tem recuperado" do esforço despendido, e, na conferência de Imprensa realizada nesta quinta-feira, 16 de janeiro, no Benfica Campus, ficou o desejo de contar com uma "energia determinante" para superar o oponente minhoto no Estádio da Luz.
"É muito importante o apoio dos nossos adeptos, e faz a diferença. Faz muita diferença, e nós temos sentido isso. Sentimos isso nos jogos da Taça da Liga, sentimos isso no jogo da Taça de Portugal, o apoio dos nossos adeptos, a empurrarem a nossa equipa para a frente, e isso dá-nos uma motivação extra e ajuda imenso", enalteceu Bruno Lage.
O Benfica vai fazer o 5.º jogo em 14 dias, enquanto o Famalicão fará o 2.º num espaço de 13 dias. Este diferencial no volume de jogos das equipas pode ter impacto no jogo de amanhã [sexta-feira, 17 de janeiro]?
Não é compararmos com o número de jogos relativamente ao nosso adversário, mas sim aquilo que é jogar com apenas dois dias de intervalo. No entanto, a equipa tem dado uma boa resposta. E o facto também é que, se nós queremos um plantel que nos dê as garantias para lutar por títulos – e conseguimos isso recentemente –, temos de estar preparados para isso. Sobre o jogo, a equipa vai-se apresentar bem, porque tem tido a facilidade de recuperar bem. Vamos jogar contra um adversário muito competente, com um novo treinador [Hugo Oliveira], que, curiosamente, conhece a casa. Vai ser determinante a energia, quer a nossa, quer a energia de fora. É muito importante o apoio dos nossos adeptos, e faz a diferença. Faz muita diferença, e nós temos sentido isso. Sentimos isso nos jogos da Taça da Liga, sentimos isso no jogo da Taça de Portugal, o apoio dos nossos adeptos, a empurrarem a nossa equipa para a frente, e isso dá-nos uma motivação extra e ajuda imenso.
"A equipa vai-se apresentar bem, porque tem tido a facilidade de recuperar bem. Vamos jogar contra um adversário muito competente, com um novo treinador [Hugo Oliveira], que, curiosamente, conhece a casa" Bruno Lage
Volta agora ao Campeonato, depois dos jogos para a Taça da Liga e para a Taça de Portugal, e o último jogo no Estádio da Luz não foi feliz. E o Famalicão também já ganhou neste ano [desportivo] ao Benfica. Isso serve de aviso? Falou de forma especial com os jogadores a propósito disso?
Não, falámos da mesma forma. Nós temos de estar preparados para tudo. Temos de olhar para os jogos e para todos os momentos dos jogos de forma muito assertiva. Aquilo de que falámos, e até posso tocar no assunto, é que não podemos sofrer dois golos consecutivos da forma como sofremos na bola parada e no canto. O nosso objetivo é sempre fazer melhor e estarmos sempre muito assertivos com os jogadores, para eles perceberem muito bem aquilo que nós queremos. Aqui não há, pelo menos eu... não há espaço para folgas de ninguém, os jogadores têm dado boas respostas, a equipa tem dado boas respostas a jogar de dois em dois dias. Essa é a minha exigência para com eles [jogadores], porque eu sei que é essa a exigência dos adeptos para comigo e para com a equipa.
Durante o decorrer da época, houve uma altura em que Aktürkoğlu estava muito em destaque a nível individual. Passou depois um pouco para Di María essa questão, ultimamente Schjelderup. Teme, de alguma maneira, que a equipa esteja um pouco refém destes destaques mais individuais? Do facto de, mais do que propriamente o coletivo, estar um jogador a sobressair... Aktürkoğlu, no início, com aqueles golos, depois Di María, ultimamente Schjelderup, a desbloquear dois jogos seguidos. Mais neste sentido... Acho que o que tem desbloqueado os jogos tem sido a força do coletivo. É a minha opinião, porque, se formos olhar para os golos e para as outras equipas do Campeonato, vamos sempre dizer que é o jogador A naquela equipa e é o jogador B daquela equipa. Acho que a equipa coletivamente tem funcionado. Há coisas que pretendemos continuar a evoluir, e aquilo que mais gostamos – e trabalhamos nesse sentido, para que a equipa tenha a consistência – é de fazer grandes exibições, porque há uma coisa curiosa naquilo que refere, que é o facto de termos imensos jogadores com golos e com boas exibições. Isso revela uma coisa, que há um trabalho coletivo, que a equipa joga em função do coletivo, e conscientes de que temos valores individuais muito bons, que, a cada momento, no melhor deles, ajudam a equipa a vencer os jogos.
"O que tem desbloqueado os jogos tem sido a força do coletivo"Já nos pode adiantar qual o tempo de paragem de Di María? Com a lesão do argentino, pondera uma alteração de sistema para o jogo com o Famalicão, um regresso ao 4x4x2?
Pela informação que temos, ele já se apresentou hoje [quinta-feira, 16 de janeiro] sem dor, por isso, eventualmente, no cenário mais positivo, em função daquilo que o atleta sentiu, será apenas um jogo. Independentemente do sistema, o que eu quero é dinâmica, e o atleta que jogar nessa posição vai ter de ter dinâmicas, funções e movimentos que eu entendo que, naquela posição, devem existir.
Como é que, enquanto treinador, faz a gestão de Tomás Araújo? Porque estava a jogar como defesa-central e a cumprir, depois, fruto da necessidade de o puxar para a lateral direita, aparece António Silva e dá uma boa resposta. Ele [Tomás Araújo] estava a desempenhar bem o seu papel, foi tapar um "buraco", e acaba por correr o risco de sair da equipa com a recuperação de Bah. Como é que é feita a gestão de um jogador que mostra polivalência para ocupar outro lugar e depois pode vir a perder a titularidade por não desempenhar tão bem o papel de lateral-direito, enquanto o faz como defesa-central?
A sua pergunta é muito interessante, só discordo da parte final, porque acho que desempenha também muito bem a posição de lateral-direito. Acho que ele [Tomás Araújo] fez dois jogos muito bons para quem não tem a rotina de jogar naquela posição e desempenhou-a realmente muito bem. E, curiosamente, com uma qualidade de cruzamento também muito boa e muito interessante. O Tomás [Araújo] já tinha jogado naquela posição anteriormente, já tinha jogado connosco, com o Boavista, naquela posição. Estamos muito satisfeitos com ele, e também, na sombra... e foi sempre tema de conversa entre mim e o António [Silva]: "No momento em que não estás a jogar, tu tens de te preparar, para quando voltares a jogar, que vai ser naturalmente, estares pronto e dares boas respostas." O António [Silva] assim o fez; preparou-se em silêncio, difícil, campeão nacional, jogador de Seleção, estar de fora a ver o colega a jogar, mas ele teve sempre um comportamento exemplar. Preparou-se para, quando a equipa necessitasse dele, estar pronto, e deu uma boa resposta. E nós, enquanto treinadores, ficamos satisfeitos por, à medida que trabalhamos com eles, perceber o seu caráter, e também hoje, no futebol moderno, termos a possibilidade de ter jogadores a ocupar mais do que uma posição, e bem.
"O facto de termos imensos jogadores com golos e com boas exibições revela que há um trabalho coletivo"Queria perceber como se gere mais uma lesão de Renato Sanches. Até que ponto é que esta lesão, pode dar, por exemplo, mais minutos a Rollheiser?
É com a mentalidade de campeão. É como perder. É perder, e tenho de olhar para o jogo seguinte. É cair e saber levantar automaticamente, só assim é que se consegue. E o Renato [Sanches] tem tido essa capacidade. Foi um momento muito feliz para ele, nós vimos isso – um menino, que agora é um homem, da nossa formação –, voltar a erguer um troféu. Acredito, e tenho a certeza, que o regresso dele ao Benfica era para proporcionar isso aos nossos adeptos, ajudar a conquistar títulos. Tem novamente uma lesão, é não pensar muito naquilo que aconteceu e voltar a trabalhar para regressar forte. Sabendo que tem gente deste lado, equipa técnica, treinador e todo o staff, que o apoia imenso. A lesão do Renato... O Renato é um médio, o Rollheiser é um médio que joga mais à frente. O antigo treinador, Roger Schmidt, tentou adaptar o Rollheiser numa posição mais baixa, como número 8, o jogador sente-se mais confortável a jogar numa posição mais à frente. Por isso, para o Rollheiser, para o Prestianni, para o [João] Rego, têm todos de entender aquilo que eu, enquanto treinador, pretendo para aquelas posições. Posso dar-lhe o exemplo daquilo que aconteceu no último, porque já aconteceu com vários jogadores entrarem na equipa e terem rendimentos muito bons. Quer com o Álvaro [Carreras], quer com o Barreiro e, num passado muito recente, com o Schjelderup... Perceber muito bem aquilo que se quer em cada posição, e da parte do treinador, e equipa técnica, olhar para o jogador e a cada momento perceber aquilo que de bom tem para tentar tirar proveito, e olhar também para aquilo que são – não são deficiências – alguns pontos menos fortes para eles trabalharem esses pontos, e o Andreas [Schjelderup] fez isso muito bem. Ter uma atitude na transição defensiva mais forte, ser mais agressivo na pressão, ter uma qualidade de jogo mais ofensiva e não apenas de, quando receber a bola, ir contra o mundo; ter um jogo mais adulto. Vou-lhe dar o exemplo do que aconteceu no final do jogo com o Braga [meia-final da Taça da Liga]. Ele [Schjelderup] fez um jogo muito bom, mas, se o jogo estivesse 0-0, aquela finalização [na 2.ª parte, aos 49'], se calhar, tinha tido consequências mais negativas para ele, mas não teve porque o resultado estava em 3-0. Mas o treinador estava lá com ele. Eu quero finalizações mais sérias, ele [Schjelderup] entendeu. Faz uma finalização muito séria contra o Sporting, dá-nos um golo, e recentemente com o Farense, no jogo da Taça de Portugal, com uma finalização também muito séria, e dá-nos outro golo. Este é um bom exemplo da nossa forma de trabalhar, por isso, serve para todos e não apenas para o Rollheiser. E, depois, eles [jogadores] entenderem muito bem aquilo que eu quero nas diversas posições.
"Independentemente do sistema, o que eu quero é dinâmica, e o atleta que jogar nessa posição [de Di María] vai ter de ter dinâmicas, funções e movimentos que eu entendo que, naquela posição, devem existir"Tendo em conta o que disse sobre querer um jogo mais maduro, mais adulto, e também tendo em conta que estamos no mercado de inverno, aplica-se o mesmo em relação a jogadores como Beste?
Falei no ser mais adulto na questão do Andreas [Schjelderup], de não... como é que vou explicar isto melhor? Quando falei em adulto é não sentir "eu tenho de marcar um golo para o treinador olhar para mim". Ele [jogador no geral] não tem de driblar o mundo, não tem de driblar três jogadores, nem tem de marcar um golo para o treinador olhar para ele, quer no jogo, quer no treino. Ele tem é de saber desempenhar as funções e fazer as movimentações de que eu gosto. Em particular – e nós temos trabalhado muito isto – na zona mais ofensiva, onde nós temos de ser mais agressivos nos movimentos em profundidade, nos movimentos diagonais, mais ruturas entre as defesas, e não receber tanto a bola à frente da nossa linha defensiva. Para todos os nossos homens da frente, nós temos de ter mais esse tipo de movimentos. É para todos, não apenas para um jogador. O Beste teve uma entrada muito boa na nossa equipa e ajudou-nos imenso em determinados jogos, principalmente quando jogávamos contra uma linha de cinco. É um jogador que joga na ala e sabe fechar bem o corredor, sabe atacar por fora com uma qualidade muito boa nos cruzamentos. Teve golos, marcou golos importantes – recordo os golos na Taça de Portugal [com o Pevidém] –, teve assistências, teve entradas que ajudaram a consolidar resultados. Proposta de mercado? É nós olharmos para a proposta, olhar para o rendimento do jogador, olhar para a opinião do jogador sobre uma eventual proposta, e nós entendermos o que é melhor, quer para o Clube, quer para o jogador.
Permita-me recuar em relação a Renato Sanches. Quer explicar aos adeptos como é que têm surgido estas lesões? Por exemplo, esta mais recente. Joga sete minutos na final, bate um penálti, lesiona-se novamente. Quer explicar um bocadinho como é que têm surgido, e o que é que lhe diz o departamento médico do Benfica? Já agora, em relação a Beste, não sei se também já está melhor ou não, estava com gripe. Esta lesão de Renato faz com que o Benfica olhe para o mercado de outra forma? O mercado é aquilo que acabei de dizer. Não vou dizer, neste momento, mais nada sobre o mercado. Oportunidade de negócio e estar sempre atento ao mercado. Esse é o nosso foco. Sobre a questão do Renato, qualquer coisa que eu vá dizer aqui não será o mais apropriado. Há coisas que poderemos, depois, eventualmente, falar com o departamento médico, e serem eles, de uma forma mais científica e concreta, a falar sobre a situação do Renato, mas repito: aquilo que eu quero do Renato – e eu sinto isso da parte dele – é que, a todo o momento – ele sabe e entende, já passou por isso várias vezes, infelizmente –, caiu, tem de se levantar. Uma postura positiva, recuperar, e estaremos cá para o ajudar novamente. [Beste?] Já treinou.
"A minha exigência é que amanhã [sexta-feira] a equipa volte a jogar bem, ganhe, porque é isso que é a natureza e a exigência do adepto do Benfica" Depois dos assobios no Estádio da Luz, recebeu enormes manifestações de apoio tanto em Leiria como em Faro. Já afastou por completo a desconfiança que havia em relação a si? Numa conversa com adeptos no final [do jogo], pediram-lhe um avançado estilo Cardozo, e disse que não passava por si, mas que o Benfica tinha bons avançados. Quer isso dizer que não pediu ao Presidente e, também, que o Benfica não precisa de um goleador?
Vamos por partes. Sobre a primeira... Se há pessoa que sabe o que é a exigência de estar no Benfica sou eu, já cá estou há 20 anos. Numa conversa com os jogadores, após vencermos a Taça da Liga, um jogador – não vou dizer qual – até disse: "Se calhar agora os adeptos já vão estar um bocadinho mais satisfeitos." Eu: "Não, temos de ganhar já na terça-feira, na Taça de Portugal." Por isso, eu nunca vou estar satisfeito comigo próprio. A minha exigência é que amanhã [sexta-feira] a equipa volte a jogar bem, ganhe, porque é isso que é a natureza e a exigência do adepto do Benfica. Por isso, independentemente daquilo que as pessoas possam pensar de mim – e eu sinto esse apoio dos adeptos –, amanhã [sexta-feira] há um jogo a cumprir. É a natureza. Independentemente do treinador que aqui esteja, tem de vencer o próximo jogo, e é essa mentalidade que tento passar para os jogadores, principalmente para aqueles que não conhecem a grandeza e a exigência do Benfica. Sobre o mercado, a sua pergunta foi muito bem feita, vamos à questão do mercado. Temos de estar sempre atentos às oportunidades de mercado, quer eventuais saídas, quer eventuais entradas. Uma coisa garanto-lhe: independentemente da posição, quem vier tem de ser para contribuir com qualidade, com talento, para a equipa continuar a vencer.
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