"Queremos voltar a fazer um grande jogo de Champions"

 

Na antevisão ao duelo de quarta-feira, 23 de outubro, entre o Benfica e o Feyenoord, na 3.ª jornada da fase de liga da Liga dos Campeões, Bruno Lage garantiu que a equipa encarnada tem a determinação e a ambição de oferecer mais uma grande noite europeia aos Benfiquistas.

Foco nas tarefas a desempenhar em campo e confiança total no trabalho de preparação para o jogo. Foram estas as ideias-chave deixadas por Bruno Lage entre a conferência de Imprensa e a entrevista rápida concedida à BTV, na véspera de uma partida "interessante" frente a um adversário "difícil" e de calibre de Liga dos Campeões.

"Cabe-nos estarmos preparados e dar uma resposta muito boa, à imagem do que fizemos há duas semanas com o Atlético de Madrid [triunfo por 4-0]. É essa a nossa ambição, foi dessa forma que preparámos o jogo, e estamos confiantes, porque senti os jogadores prontos, preparados e também eles confiantes com as ideias que propomos", afirmou o técnico.

"O mais importante, e nós sentimos isso, é que os jogadores estão muito focados nas missões que têm de fazer: como defender, como pressionar, como atacar, que espaços vamos explorar na área, como iniciar o jogo. São tantos detalhes em tão curto espaço de tempo, que a atenção não pode ser distribuída para outros fatores. Essencialmente, temos de pensar naquilo que controlamos, que é o nosso rendimento para o jogo", sublinhou Bruno Lage.

Foi, de alguma forma, muito focada e elogiada a vertente tática e estratégica que o Benfica apresentou diante do Atlético de Madrid no último jogo da Liga dos Campeões. Pela forma como analisaram e trabalharam previamente este jogo frente ao Feyenoord, o que é que lhe inspira dizer acerca desta equipa e deste adversário?Importa realçar que o trabalho que fizemos não foi apenas com o Atlético de Madrid. Preparamos os jogos sempre da mesma maneira. Primeiro, perceber o que de bom vamos fazendo no jogo anterior, e conhecer, ao detalhe, o adversário seguinte. Definir, entre nós, a estratégia, propor a estratégia, praticar no campo e depois sentir a confiança por parte dos jogadores. Foi isso que fizemos nos jogos todos, quer de Campeonato, quer de Liga dos Campeões, inclusive no [duelo] da Taça de Portugal, e foi o trabalho que fizemos hoje [terça-feira, 22 de outubro]. Estamos confiantes, acho que preparámos o jogo muito bem. A nossa confiança vem da parte de quando estamos a transmitir as nossas ideias aos jogadores, eles sentirem também confiança e [se sentirem] seguros de que, segundo determinada estratégia, podem fazer um bom jogo. É esse o nosso objetivo: amanhã [quarta-feira], perante os nossos adeptos, voltar a fazer um grande jogo de Champions.

Já conhecemos a sua filosofia, gosta de ir jogo a jogo, treino a treino, e também já disse que não há margem de erro para a equipa neste momento. Com o histórico que o Benfica tem na Champions League, e também com as obrigações que terá internamente, para si é obrigatório terminar nos oito primeiros ou, pelo menos, assegurar o play-off nesta Champions?

Eu não vou entrar nessa lengalenga que você disse que eu usava muito no passado... Acabaram de ver aqui um bom exemplo, eu até quase fico sem palavras depois da excelente conferência do Fredrik [Aursnes], o jogador está completamente focado no jogo de amanhã [quarta-feira], e a nossa ambição é essa, é irmos para o jogo com uma enorme determinação e ambição, voltar a fazer um grande jogo, criar oportunidades de golo, marcar golos e conquistar os três pontos. Ainda para mais quando estamos num formato diferente de Liga dos Campeões... Há pelo menos uma teoria, mas o que queremos assegurar é na prática: temos seis pontos, não nos garante nada, e queremos somar amanhã [quarta-feira] mais três pontos aos seis que já temos.

"Temos seis pontos, não nos garante nada, e queremos somar amanhã [quarta-feira] mais três pontos aos seis que já temos"Bruno Lage

O resultado e, sobretudo, a grande exibição diante do Atlético de Madrid fizeram com que a Europa olhasse muito para o Benfica. O facto de o adepto ir ao estádio, sentir que a equipa está a evoluir e esperar mais uma vitória, dá-lhe mais responsabilidade ou mais confiança?

Responsabilidade e confiança. A responsabilidade é do trabalho diário que nós vamos fazendo. Aquilo que fizemos nas duas semanas seguintes ao jogo com o Atlético de Madrid foi um bom exemplo disso, com a criação do hábito de como nós queremos trabalhar ao longo das semanas e como preparar os jogos. Depois, além da confiança das boas exibições, é a forma como passamos a mensagem aos jogadores e eles conseguem interpretá-la. Sentirmos os jogadores confiantes, como acabámos de ver o Fredrik [Aursnes]. Se olhamos para os jogadores e vemos que estão confiantes, seguros e que vão para dentro de campo, como ele acabou de afirmar, cientes do que têm de fazer a cada momento, nós, enquanto staff, vamos com confiança para o jogo.

Em dois jogos de Liga dos Campeões nesta época ganhou tantos como nos outros seis anteriores que tinha pelo Benfica. Sente-se hoje um treinador mais capacitado para lidar com a exigência deste tipo de jogos? E onde é que sente que mais cresceu como treinador para lidar com este tipo de contexto, nos últimos 4/5 anos?

Entendo a sua questão para quem olha fundamentalmente para os resultados. Não me vejo melhor ou pior treinador em função dos resultados que vou tendo, mas é claro que os resultados ajudam. Agora, a minha passagem fundamentalmente por Inglaterra deu-me outras experiências, principalmente como treinador principal na Premier League, que não tinha. Mas isso faz parte de qualquer treinador, à medida que vai fazendo mais jogos de determinada competição, à medida que vai fazendo mais treinos, com certeza de que vai evoluindo. Porque, realmente, esse é o princípio da aprendizagem, quanto mais experiência tivermos, mais aprendizagem temos de ter em função dos resultados. Pela minha forma de trabalhar, aprendemos muito nas análises que vamos fazendo, quer dos adversários, mas fundamentalmente da nossa equipa. Essa é a nossa forma de trabalhar. Não partimos para o jogo seguinte sem perceber muito bem o nível a que a equipa vai atuando a cada momento, e depois, percebendo, também, se determinada se a estratégia foi concretizada ou não, se foi importante ou não. Isso é o princípio de qualquer aprendizagem e evolução, o número de experiências que vamos tendo ao longo da nossa carreira.

"Se olhamos para os jogadores e vemos que estão confiantes, seguros e que vão para dentro de campo cientes do que têm de fazer a cada momento, nós, enquanto staff, vamos com confiança para o jogo"Pegando no que Aursnes disse, as suas ideias encaixam perfeitamente na forma como os jogadores trabalham. O seu segredo neste sucesso inicial foi colocar exatamente as peças certas nos sítios certos? Foi o que quis fazer mais nesta fase inicial?

A nossa forma de trabalhar é que é importante, não fazer comparações com o passado. A nossa forma de trabalhar é olhar para determinados jogadores e perceber que contributo é que eles podem dar à equipa em determinadas posições. Temos aqui um bom exemplo [Aursnes]. Há aqui vários exemplos – como já repararam – de jogadores que podem desempenhar mais do que uma função. Esse é o ponto de partida, é haver um entendimento muito grande da nossa parte sobre aquilo que é o rendimento dos jogadores. Depois, ser assertivos com eles. É a nossa forma de trabalhar, e, como o Fredrik [Aursnes] acabou de dizer, eles vão para dentro de campo com uma ideia muito clara daquilo que pretendemos. Foi isso que preparámos até agora, amanhã [quarta-feira] vamos ter duas conversas com os jogadores. A partir do início do jogo, o jogo é deles. São eles quem têm de pôr em prática todo o nosso trabalho enquanto equipa técnica, e toda a sua qualidade enquanto jogadores e enquanto equipa.

Está satisfeito com a evolução de Kökcü?

Estou muito contente com o contributo de todos os jogadores. Há jogadores que têm jogado mais, como o Fredrik [Aursnes], que tivemos aqui, e o Kökcü. Eles têm desempenhado um excelente papel, mas outros jogadores que ainda não tiveram a oportunidade de jogar também têm feito um excelente trabalho. A grande diferença é que uns têm jogado e os outros ainda não tiveram oportunidade de jogar. Relativamente ao Kökcü, estamos muito satisfeitos com ele. Por isso é que o Benfica o foi buscar, e eu fico feliz por ter um jogador com a sua competência no plantel e ao serviço da equipa.

"Estou muito contente com o contributo de todos os jogadores. (...) Renato Sanches está convocado"Pode fazer um ponto de situação dos jogadores que estão lesionados? Sobre Renato Sanches, qual é o plano para o jogador, quando é que ele poderá regressar aos relvados?

Vamos ser muito claros sobre isso, porque não temos nada a esconder. O Renato [Sanches] tem feito um trabalho longo, tínhamos uma previsão de que pudesse regressar, primeiro, ligeiramente mais cedo, depois, ligeiramente mais tarde, e o que eu lhe posso confirmar é que o Renato [Sanches] está convocado para o jogo de amanhã [quarta-feira]. No entanto, tivemos mais uma baixa, que foi o Leandro [Barreiro].

Os últimos dias ficaram marcados por umas declarações de Frederico Varandas, que falou numa "Portização do Benfica" durante a presidência de Luís Filipe Vieira. Bruno Lage esteve no Benfica durante esse período, ficou de alguma forma incomodado com as declarações do presidente do Sporting?

Ainda bem que recorda isso, porque estou no Benfica desde 2004. Desde esse momento até ao dia de hoje, o que eu controlo são as minhas funções enquanto treinador no dia a dia. Enquanto treinador de Escolas, de Sub-15, Sub-17, Sub-19, equipa B e equipa principal, e o meu foco, neste momento, é o jogo de amanhã [quarta-feira].