"Coração na bancada, pulmão no campo"

 

É com a equipa "unida, com bom ambiente e com uma vontade enorme de oferecer vitórias" aos nossos adeptos que o Benfica parte para o duelo com o Santa Clara, referente à 5.ª jornada da Liga Betclic, no Estádio da Luz.

Em conferência de Imprensa no Benfica Campus, na antevisão do encontro agendado para a Catedral, neste sábado, 14 de setembro, às 20h30, Bruno Lage manifestou satisfação por ter as bancadas do Estádio cheias, o que reforça "o sentimento de ser benfiquista".

"O nosso coração vai estar na bancada e vai ajudar a bombear, porque o nosso pulmão vai estar no campo e vai ajudar-nos a vencer os jogos", disse o treinador, que fará a estreia nesta segunda passagem pelo comando técnico do plantel de futebol profissional.

Bruno Lage abordou algumas das dinâmicas que pretende implementar, e disse esperar "um jogo dinâmico, ofensivo, a criar muitas oportunidades de golo".

Que tipo de jogo e que tipo de adversário espera encontrar amanhã [sábado, 14 de setembro] no Estádio da Luz? Um adversário muito competente, que teve um início de época muito bom, com três vitórias nesta altura. Aquilo que espero fundamentalmente, de olhar para o adversário, é olhar para o que nós podemos fazer. Foi isso que fizemos nestes dois dias, de preparar a equipa, olhar para a equipa, perceber qual o caminho que a equipa tem feito e aquilo que nós, com dois dias de trabalho, podemos fazer já amanhã [sábado, 14 de setembro]. Espero um jogo dinâmico da nossa parte, ofensivo, a criar muitas oportunidades de golo, foi nisso que trabalhámos nestes dois dias.

Qual a disponibilidade dos internacionais? Muitos fizeram viagens longas e chegaram há poucos dias. Quais as primeiras impressões sobre os reforços Amdouni e Aktürkoglu?

As impressões foram boas. Para já, toda a gente disponível, exceto os lesionados. Toda a gente chegou bem, chegou com energia, toda a gente treinou bem ontem [quinta-feira, 12 de setembro] e hoje [sexta-feira, 13 de setembro]. E as primeiras impressões foram essas. Juntos, sentir que a equipa está junta, está unida, tem bom ambiente e está com uma vontade enorme de oferecer vitórias aos nossos adeptos.

"Trabalhar, trabalhar, trabalhar para que a equipa jogue o jogo que nós queremos"Bruno Lage

Depois da sua primeira passagem pelo Benfica, disse numa entrevista que pensou no João Félix para revolucionar o futebol do Benfica numa viagem de regresso a casa. Pergunto-lhe se já pensou no próximo João Félix, ou num jogador do plantel, ou da formação, que possa cumprir esse papel. Nesse sentido também, prometeu aqui nesta mesa um futebol de ataque e atrativo para esta sua segunda etapa no Benfica. Isso passa pelo 4x4x2 e por desmontar a dupla do meio-campo que jogou sempre, Leandro Barreiro e Florentino?

O que eu pensei foi conhecer os jogadores, porque realmente são muitos jogadores novos e muitos jogadores a chegar. O único jogador que trabalhou diretamente comigo no Benfica foi o Tino [Florentino], já tinha trabalhado com o Renato Sanches em Swansea. Foi conhecer os jogadores, olhar um bocadinho para os jogadores, perceber a dinâmica, por isso... Mais do que olhar para o jogador que possa entrar e encaixar no sistema em que eu gosto de jogar, foi olhar para todos os jogadores e tentar idealizar uma equipa. Aquilo que eu disse, porque dizia muitas vezes, porque eu sei do que é que os adeptos gostam... Os adeptos gostam de ganhar, de jogar bem, gostam que a equipa crie oportunidades de golo e gostam de golos. Aquilo que vamos fazer nesta primeira fase, e o que eu prometo nesta primeira fase, é trabalhar muito, fazer desenvolver a equipa, para que a equipa chegue a este estado, que é o estado que nós queremos e aquilo que os adeptos querem.

Pode adiantar-nos qual é o sistema tático que tem pensado para a equipa que quer construir?

Mais do que o sistema, são dinâmicas diferentes, porque temos de fazer crescer a equipa, principalmente em termos ofensivos e a criar mais oportunidades de golo. O que fizemos foi isso: em função do que conhecemos dos jogadores, tentar ligá-los e, a partir de um posicionamento, como é que podemos criar uma dinâmica diferente que vai ao encontro das minhas ideias.

Falando de jogadores e de estilo de jogo, que características gostaria de casar no meio-campo do Benfica? Como vê a posição de Kökcü, como um segundo médio de projeção ofensiva, ou como um terceiro médio de apoio ao avançado?

Vejo-o a jogar como segundo médio ou como terceiro, com as duas funções que acabou de dizer. É mesmo isso que vejo. Tanto pode jogar numa posição ou noutra, mas tem de fazer as duas funções: tem de ser um médio de ligação e tem de ser um homem para chegar mais perto das zonas de finalização. Se olharem para o que fiz cá, o meu primeiro meio-campo, salvo erro, foi Fejsa e Pizzi, depois foi Samaris e Gabriel, depois foi Tino [Florentino] e Samaris… Mais importante que as características dos jogadores é que tenham um posicionamento em que não se anulem um ao outro. Essa é que é a importância. Por isso é que nós trabalhamos muito o posicionamento, e depois, usando a sua expressão, a forma como se casam ou se ligam, ou como vão encontrar os outros jogadores mais à frente.

"Temos de fazer crescer a equipa, principalmente em termos ofensivos e a criar mais oportunidades de golo"

Qual a posição de Aursnes no Benfica de Bruno Lage? Nos últimos dois anos, os únicos jogadores saídos da formação do Benfica, apostas consistentes na equipa principal, foram António Silva e João Neves. Afirmaram-se de forma sólida. Considera, sendo conhecido por apostar na formação, que é um número aceitável, ou, consigo, vai haver uma maior aposta na formação do Benfica?

Tenho de ter tempo de treino com o Fredrik [Aursnes]. Sinto que é muito inteligente, por isso para ele era muito fácil jogar em várias posições. Eu tenho uma ideia, pelo que vi, mas tenho de testá-la primeiro e ver como ele vai funcionar com os outros nessa posição. A outra questão... Quando você me diz que António Silva e João Neves foram aposta e depois, na mesma frase, diz que vamos voltar a ter uma aposta... A aposta... tudo depende dos jogadores. Houve aposta em dois jogadores que entraram, que se afirmaram, que ajudaram a equipa a vencer um Campeonato. Um, entretanto, saiu, o outro ficou cá. Temos agora de olhar para aquilo que temos, continuar a trabalhar e perceber se temos um ou outro jogador que nos possa, neste momento, ajudar. Este é que o momento. O nosso foco, a nossa grande preocupação, e vou já ligar a sua pergunta ao que é o imediato. Há coisas que têm de ser no imediato, outras um pouco mais à frente, e essas vêm com tempo de trabalho. No imediato é Santa Clara, e a grande notícia, pelo menos para mim, hoje, independentemente das outras situações, é que o Estádio da Luz está cheio. Isso é um sentimento enorme. Quando me disseram hoje [sexta-feira, 13 de setembro] que o Estádio da Luz está cheio, que nos vai apoiar, o que me veio à cabeça foi o que estava a falar na apresentação, que é este sentimento de ser benfiquista. Sinto que amanhã [sábado, 14 de setembro] o nosso coração vai estar na bancada e vai ajudar a bombear, porque o nosso pulmão vai estar no campo e vai ajudar-nos a vencer os jogos. Isso é que a nossa responsabilidade neste momento. Minha e dos jogadores. Temos de correr, trabalhar, jogar bem e meter o nosso coração a bater por nós.

Sente-se hoje mais protegido com Rui Costa do que se sentiu quando assumiu a equipa técnica com Luís Filipe Vieira? O seu trabalho de unir o Clube ficou mais difícil depois da entrevista de Luís Filipe Vieira? Começando por aí, fiquei feliz por o ex-presidente Luís Filipe Vieira ter reconhecido que em 2019 tinha um bom treinador, um treinador que fazia treinos intensos e um treinador com uma linguagem acessível aos jogadores. Não fui eu quem lho disse, eventualmente foram alguns jogadores que lhe disseram, deixa-me feliz ouvi-lo e sentir o homem que ele tinha cá dentro. Eventualmente, poderão ter sido jogadores como Rafa ou Grimaldo, que até recentemente vieram a público falar sobre isso. Isso é o que me interessa realçar da entrevista. A outra coisa que me interessa realçar da entrevista é que temos de estar todos juntos, dito pelas palavras do ex-presidente Luís Filipe Vieira. Esse é o ponto de partida. Sei que este ano vai ser um ano difícil, principalmente pelo que se passa fora do centro de estágio, fora daquilo que é o seio da dinâmica do dia a dia da equipa, por causa das eleições. Mas isso são coisas de politiquices em que não me interessa entrar, eu sou é treinador. E aquilo que sinto neste momento é que tenho de blindar o grupo dessas situações, tenho de treinar para os fazer crescer como equipa e é isso que prometo: trabalhar, trabalhar, trabalhar para que a equipa jogue o jogo que nós queremos. Sobre a situação do atual Presidente, há muitos anos, penso que na época de 2008/09, fui campeão de Iniciados – diretor da formação: Rui Costa. Em 2018/19, fui campeão nacional pela equipa principal – diretor-desportivo: Rui Costa. E, neste momento, a única coisa que mudou, porque a relação é fantástica, é que agora o trato por Presidente.

Permita-me que insista nesta questão, porque Luís Filipe Vieira disse que Bruno Lage foi a segunda escolha para treinar o Benfica. Acha que estas palavras são para criar alguma instabilidade?

Olhe, até vou fazer uma analogia gira [risos]... Eu fui a segunda escolha e você foi a segunda bola. O cruzamento da CMTV saiu para fora da área, a RTP volta a pôr a bola dentro da área e eu vou tirá-la de cabeça. É voltar a falar do mesmo: são politiquices. A única coisa que mudou na relação, repito, é que agora o trato por Presidente. O nosso foco é de trabalho. Temos muito trabalho pela frente e temos de estar juntos e unidos.