Saltou 17,52 metros em Pequim “Esta Medalha tem um gosto especial”

Eram precisamente 23h14 de segunda-feira quando o Saltador do SL Benfica surgiu na zona de chegadas do Aeroporto de Lisboa. Imediatamente se ouviram vivas e aplausos com o cântico “O Campeão voltou!” a ouvir-se bem alto.

É que, ultrapassado um calvário de lesões, Nelson Évora voltou a “voar”, a ser feliz no estádio que o consagrou como Campeão Olímpico. Desta feita, alcançou o terceiro lugar no pódio, com um salto fantástico de 17,52 metros.

Por tudo isto, o atleta foi recebido esta noite por uma multidão efusiva, entre desconhecidos, familiares e amigos, estando o vice-presidente, Domingos Almeida Lima, em representação do Sport Lisboa e Benfica.

Na Conferência de Imprensa, realizada no local, o atleta do Clube mostrou-se feliz por mais uma conquista e explicou o que lhe ia na alma.

“Disse que estava preparado e a prova cá está, a Medalha está aqui. A competição foi muito dura, mas lutei e dei tudo até ao fim. Parece que é sempre a primeira vez. Estou muito satisfeito por todas estas as pessoas estarem aqui, todas as que me apoiam nos bons, mas também nos maus momentos”, começou por dizer.

“Pequim é e será sempre uma cidade especial. Foi lá que ganhei a Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos… mas esta, por tudo aquilo que eu passei, tem outro gosto, um gosto especial! Quero agradecer a todos os que me acompanharam. Este ano acaba por ser muito especial, pois depois da Medalha de Ouro no Campeonato Europeu em Pista de Coberta, agora o Bronze num Mundial”, explicou o saltador.

“Ainda estou vivo, estou aqui”

Instado a comentar a forma efusiva como gritou e festejou aquando do salto que que lhe permitiu subir ao terceiro lugar do pódio, Nelson Évora foi taxativo.

“O que quis dizer com aquilo foi: ‘Ainda estou vivo, estou aqui’. Aquilo serviu para tentar acordar a Imprensa internacional que já me dava como morto, já me punha de parte em todas as estatísticas e prognósticos das provas pela minha idade, por tudo. Naquele momento tive que gritar para todos ouvirem, o meu nome é Évora e estou sempre a lutar pelos lugares mais altos. Não interessa quem lá esteja”, disse no Aeroporto da Portela.

Olhando em frente, Nelson Évora revela natural ambição e aponta os 18 metros como o grande objetivo em ano olímpico, procurando desta forma superar a sua melhor marca feita, recorde-se, nos Mundiais de Osaca em 2007 (17,74m).

“Esse é o meu principal objetivo: os 18 metros. Espero não fazer essa marca nem antes, nem depois. Quero fazê-lo na altura certa”, referiu.

“Vai ser um ano muito especial, com muitas viagens e uma preparação intensa e muito estudada. Vou dar o meu melhor nos Jogos Olímpicos para trazer uma Medalha e vou trabalhar para ela”, concluiu.

“Uma aposta ganha”

O treinador de Nelson Évora, João Ganço, mostrou-se muito satisfeito com a Medalha conquistada, principalmente depois do autêntico calvário de lesões que o Saltador enfrentou.

“Depois de tudo o que o Nelson passou, trabalhámos e lutámos muito. Correu tudo bem e felizmente conseguimos. Foi uma aposta ganha. A ajuda entre ambos foi sempre recíproca porque, para além dos muitos momentos bons, há momentos muito difíceis e ajudamo-nos e motivamo-nos mutuamente”, revelou o técnico.

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