Em entrevista à BTV “São os adeptos que abraçam a equipa”

A iniciar a recuperação de uma cirurgia realizada domingo após uma fratura multiesquirolosa do cúbito esquerdo contraída no dérbi de Alvalade, o capitão do Sport Lisboa e Benfica concedeu uma extensa entrevista à BTV.

A voz do capitão é imperial e taxativa, com Luisão a abordar vários temas, analisando sem pejo ou subterfúgios a época “encarnada”, a lesão, os adeptos do Clube, não fugindo ainda a uma vasta análise a tudo o que rodeou o dérbi, nomeadamente a arbitragem e os muitos lances que prejudicaram a equipa de Rui Vitória.

“Lance? Senti um contacto. Tentei mexer a mão mas depois senti que tinha partido alguma coisa. Por isso, a minha preocupação foi sair do campo. Foram horas de muita dor e angústia. Quando nos lesionamos é difícil. Aquela rotina de treinar e o friozinho na barriga antes de um jogo vai desaparecer. No entanto, o Benfica é uma Família e todos me tentaram confortar”, começou por dizer.

Luisão considera esta “a lesão mais grave na carreira”, contudo, o capitão não ficou afetado nas “suas principais ferramentas de trabalho”, assegurando, com convicção, que vai regressar ainda mais forte.

“Temos um Departamento Médico acima da média. Por isso, acredito que vou voltar melhor do que estou hoje. Deveria estar a descansar, mas fui ao centro de estágio dar um abraço à equipa. Era o mínimo que poderia fazer. Desejei boa sorte e que consigam um bom resultado em Astana”, referiu, apontando para o desafio da próxima quarta-feira na Cazaquistão.

“O árbitro já vai para o campo com receio de apitar”

Luisão veste de “águia ao peito” desde 2003 e conhece muito bem a realidade do Futebol Português, lamentando o atual estado do mesmo e tudo aquilo que se passa à margem dos relvados.

"O futebol não é bem tratado. O futebol português poderia ser muito melhor divulgado se dessem privilégio à rivalidade dentro de campo. Nós conversamos com outros jogadores de outras Ligas e não vemos as coisas extra-campo que há em Portugal", referiu, passando de imediato a recordar os dérbis já realizados esta época e quais os lances que prejudicaram as “águias”.

"No primeiro dérbi, foi num canto. Pela marcação individual que o adversário coloca nos jogadores mais altos existe muito contacto. Nesse jogo fui puxado nitidamente e até disse, durante o encontro, que tinha visto que foi penálti mas não se apita com receio de algum estereótipo aqui em Portugal. O árbitro já vai para o campo com receio de apitar alguma coisa e o Benfica até foi para o relvado com uma postura diferente, dando relevo ao espetáculo”, disse.

Olhando de seguida para o dérbi do último domingo, o capitão revela que foi o “mais violento”que recorda e sem deixar dúvidas explica os motivos.

"Eu não me recordo de um dérbi tão violento. Até vi fazerem alguns comentários sobre uma batalha campal. O que me custa, como capitão, num Clube onde a prioridade é jogar futebol, é ter de se acalmar os teus jogadores. Eu vi a agressão ao Samaris, foi nítida, e o meu papel teve de ser mantê-lo calmo. No caso do Júlio César a mesma coisa. Às vezes, as pessoas não têm essa paciência quando nós vamos acalmar alguém. É difícil. Temos de jogar primeiro com lealdade e a sensação que fica é de estranheza. Um dérbi tão quente, uma equipa ter tantos cartões e outra teve outras preocupações no jogo... é triste”, apontou.

“É penálti claro”

Luisão foi obrigado a sair do terreno de jogo após uma clara grande penalidade cometida por João Pereira sobre si, lance que o árbitro não assinalou e que culminou com a lesão do central.

“Os jogadores têm de manter a calma, lutar pelo resultado e ajudar o trio de arbitragem. Mas essa falta é nítida para todos, houve contacto. Lembro-me de olhar para a bola e só sentir o João Pereira a empurrar-me e a colocar as pernas sobre mim. Isso tem de ser apitado. Não vejo qual é a dúvida. Não há dúvidas. Não interessa se é aos dois minutos do fim ou se há pressão ou não. Na minha opinião é penálti claro e infelizmente aconteceu a lesão comigo. O choque só existe porque há um empurrão, mas ao menos que tivéssemos conseguido o penálti, para empatar e levar o jogo para o desempate por grandes penalidades”, explicou detalhadamente.

O capitão tem agora pela frente a recuperação, logo, não poderá ser opção para Rui Vitória, mas Luisão acredita na qualidade do plantel.

“O plantel do Benfica é todo do mesmo nível. Nos treinos, somos tratados de forma igual e sabemos que entramos na equipa e todos estão cientes da responsabilidade”, referiu.

“Todos os jogadores estão com Rui Vitória”

Logo após o desafio de domingo, Rui Vitória foi a voz e o rosto da indignação face aos acontecimentos que claramente condicionaram e prejudicaram a equipa. E Rui Vitória tem o total apoio do capitão de equipa, que se revê nas palavras do técnico.

“Apoio totalmente o treinador como nosso líder. A posição dele foi muito feliz. Reflete o que é o futebol português. Foi feliz nas palavras. Todos os jogadores estão com ele nas palavras que disse", afirmou sem margem para dúvidas.

Olhando para época que decorre e para o que segue: “Não é um ano fácil. Vão ser dois jogos importantíssimos, em Astana e em Braga. Queremos um resultado positivo para continuar a caminhada que está no começo. Muita gente de fora diz coisas que não existem e até tiram o valor ao balneário. Lá dentro isso não acontece, sabemos até onde queremos chegar!”

A finalizar, o capitão endereçou uma mensagem à Família Benfiquista.

“Os adeptos devem estar orgulhosos pelo que o Clube é hoje. Nos momentos mais difíceis quem mais ajuda são os adeptos, abraçando a equipa independentemente dos resultados, com a certeza que trabalhamos seriamente. O melhor ainda está por vir. Estamos em busca disso e focados no nosso trabalho com responsabilidade”, concluiu o central brasileiro.

 

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